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Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre

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75<br />

Os defensores do copyright estão certos: um copyright é uma espécie de<br />

propriedade, que possui um dono, pode ser vendida, e que é protegida por<br />

lei contra roubo. Normalmente, o dono do copyright pode pedir o que ele<br />

quiser pelo copyright. Os mercados regulam parcialmente tal preço pelas leis<br />

de oferta e demanda.<br />

Mas de certa forma, falar que copyright é um direito à propriedade é um<br />

pouco errôneo, já que o copyright é um tipo diferente de propriedade. De fato,<br />

a própria noção de propriedade sobre uma idéia ou sobre uma expressão de<br />

uma idéia é muito estranha. Eu entendo que eu tomo algo quando pego, por<br />

exemplo, a mesa de picnic que você instalou em seu quintal. Estou pegando<br />

algo, a mesa de picnic, e após eu fazer isso, você não a tem mais. Mas o<br />

que eu tomo quando pego a boa idéia que você teve de colocar uma mesa de<br />

picnic no seu quintal — por exemplo, indo nas Casas Bahia, comprando uma<br />

mesa e colocando-a no meu quintal? O que é que eu estou tomando?<br />

A questão não é relacionada apenas com a existência das mesas de picnic<br />

contra as das idéias, embora isso envolva uma diferença importante. O ponto<br />

porém é que no caso comum — de fato, em praticamente todas as situações<br />

exceto por uma curtíssima faixa de exceções — as idéias são divulgadas<br />

ao mundo são livres. Eu não tomo nada de você quando eu copio o seu<br />

jeito de se vestir — embora isso possa parecer bizarro, ainda mais se você<br />

for uma mulher. De fato, como Thomas Jefferson disse (e isso parece ser<br />

especialmente verdadeiro quando copio o jeito que os outros se vestem) —<br />

“Aqueles que recebem uma idéia minha, recebem eles próprios informações<br />

sem me prejudicarem em nada; aqueles sobre quem as luzes que eu criei<br />

brilham, recebem luz sem me obscurecer.” [96]<br />

As exceções ao uso livre são idéias e expressões que estão ao alcance das<br />

leis de patentes e de direitos autorais, e alguns outros domínios sobre os quais<br />

não tratarei aqui. Aqui a lei afirma que você não pode tomar minha idéia ou<br />

expressão sem permissão: a lei transforma o intangível em propriedade.<br />

Mas como, e até que ponto, e de que forma — os detalhes, em outras<br />

palavras — isso acontece. Para ter-se uma boa noção de como essa prática<br />

de tornar o intangível em propriedade surgiu, precisamos colocar essa “propriedade”<br />

em seu contexto adequado. [97] Minha estratégia para fazer isso<br />

será a mesma da parte anterior. Eu vou oferecer quatro histórias que ajudarão<br />

a situar o contexto da idéia de que “material sob copyright é propriedade”.<br />

Como surgiu essa idéia? Quais são seus limites? Como ela funciona na<br />

prática? Após essas histórias, a significância dessa idéia de que “material sob<br />

copyright é propriedade” — ficará um pouco mais clara, e suas implicações<br />

irão revelar-se um tanto diferentes das implicações nas quais os ativistas do<br />

copyright nos querem fazer acreditar.

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