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Lawrence_Lessig_-_Cultura_Livre

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tem nenhuma obrigação de pagar “compensação justa” por essa “tomada”.<br />

De fato, a mesma Constituição que exige compensação por seu terreno exige<br />

que você perca seus direitos sobre “propriedade intelectual” sem nenhuma<br />

compensação.<br />

A Constituição portanto determina que essas duas formas de propriedade<br />

não devem ter os mesmos direitos. Elas foram definidas para serem tratadas<br />

diferentemente. Valenti, portanto, não pede apenas que nossa tradição seja<br />

mudada, ao argumentar que os donos de propriedade intelectuais devem ter os<br />

mesmo direitos de qualquer outro proprietário de bens. Ele está efetivamente<br />

cobrando uma mudança na própria Constituição.<br />

Cobrar por mudanças na Constituição não é necessariamente errado.<br />

Existe muita coisa errada na nossa Constituição em sua origem. A Constituição<br />

de 1789 defendia a escravidão; permitia que os senadores fossem<br />

apontados, não eleitos; tornava possível ao colégio eleitoral gerar um empate<br />

entre o presidente e seu próprio vice-presidente (como aconteceu em 1800).<br />

Os criadores dela foram sem sombra de dúvidas extraordinários, mas eu serei<br />

o primeiro a afirmar que eles cometeram grandes erros. Nós então fomos<br />

rejeitando alguns desses erros; sem dúvida que há outros que devem ser rejeitados.<br />

Portanto o meu argumento não é tão simples quanto aparenta, já<br />

que porque Jefferson fez assim, nós também poderíamos fazer.<br />

De fato, meu argumento é de que já que Jefferson conseguiu fazer assim,<br />

deveríamos ao menos tentar entender o porquê. Por que os criadores da<br />

Constituição, fanáticos como eram pelo conceito de propriedade, rejeitaram<br />

a idéia de que deveria ser dada à propriedade intelectual os mesmos direitos<br />

de quaisquer outras? Por que eles exigiam que para a propriedade intelectual<br />

deveria ter um domínio público?<br />

Para responder essa questão, precisamos ter alguma perspectiva da história<br />

desses direitos de “propriedade intelectual”, e o controle que eles permitem.<br />

Uma vez que tenhamos visto claramente como esses direitos foram diferentemente<br />

definidos, estaremos em uma melhor situação para nos questionarmos<br />

da questão que deveria ser o centro das atenções nessa disputa: não se a<br />

propriedade intelectual deve ser defendida, mas sim como. Não se nós deveríamos<br />

garantir os direitos legais dados aos proprietários de propriedade<br />

intelectual, mas sim como esse conjunto de direitos deveria ser composto.<br />

Não se os artistas devem ser pagos, mas se as instituições criadas para assegurarem<br />

que os artistas serão pagos precisam realmente controlar como nossa<br />

cultura se desenvolve.<br />

Para respondermos essas perguntas, precisamos de uma forma mais geral<br />

de falar sobre como a propriedade é protegida. Mais precisamente, precisamos<br />

de uma forma mais geral do que a linguagem restrita da lei permite.<br />

Em Code and Other Laws of Cyberspace, eu usei um modelo simples para cap-

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