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Susana Margarita Speroni<br />
Questões relativas ao discurso político e institucional foram condutoras de<br />
novos estudos de autores como Patrick Charaudeau, Haquira Osakabe, Dominique<br />
Maingueneau e José Luiz Fiorin.<br />
Como professora senti-me, novamente peço licença para colocar minha<br />
experiência pessoal, obrigada a sintetizar uma série de passos sistemáticos que<br />
orientassem o trabalho de pesquisa e análise dos dados, mesmo ciente da<br />
limitação que o ordenamento das etapas poderia apresentar no sentido de não<br />
apreender os diversos movimentos de construção e reconstrução que o processo<br />
investigativo implica.<br />
Finalmente, a organização da tese, o resultado final, em três partes, a primeira,<br />
abordando as questões teórico-metodológicas importantes para o desenho do<br />
objeto de estudo. A segunda, conduzida por uma metáfora, a quimera, com o<br />
objetivo de construir um diálogo entre as questões teóricas e o discurso<br />
institucional e, finalmente, a terceira parte, com sínteses mais analíticas em relação<br />
aos padrões de relacionamento entre mantenedoras e mantidas, os processos de<br />
ação territorial e de gestão.<br />
As universidades comunitárias estudadas sofrem, no atual contexto, vários<br />
tipos de tensões em relação a questões que são muito caras ao modelo, por<br />
exemplo, definir-se como públicas que, no entanto, não podem acessar verbas<br />
estatais, já que, nos editais, o acesso fica restrito, principalmente, para as federais e<br />
algumas estatais mais destacadas.<br />
Na tentativa de encontrar um novo status legal vem sendo organizado, pela<br />
ABRUC, um movimento de mobilização nacional que envolva não somente as<br />
comunitárias laicas, mas também as confessionais. Esse movimento se constitui<br />
num esforço de construção de consensos em torno de alguns dos princípios<br />
integradores, destaque-se que o princípio democrático de gestão e de escolha dos<br />
dirigentes não se apresenta como possibilidade de construção de consenso.<br />
Essas afirmações nos conduzem, novamente, ao mito criador, como um<br />
conjunto de ideias primordiais para a legitimação do discurso institucional e as<br />
possibilidades de construção identitária. Como foi assinalado no decorrer do<br />
trabalho, um dos eixos estruturantes desse mito criador é o ser democrático como<br />
realidade de escolha direta dos seus gestores e formas de gestão democrática,<br />
como um horizonte utópico que, se não vivenciado na atualidade, merece a<br />
possibilidade de ser projetado para o futuro. Cabe o questionamento: a<br />
impossibilidade de construir acordos em torno dessa questão afetará os processos<br />
de identificação institucional? De que forma? As possíveis respostas deverão ser<br />
objeto de novas pesquisas no futuro, mas é um alerta que não pode ser<br />
desconsiderado.<br />
O presente estudo demonstrou que, no contexto desta investigação,<br />
processos semelhantes afetam o processo decisório em relação à centralização (ou<br />
descentralização) da escolha da pauta da agenda decisória bem como os<br />
mecanismos de escolha da opção adequada a uma situação problema