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Susana Margarita Speroni<br />
criação, em 1924, da Associação Brasileira de Educação (ABE). Ambas as<br />
instituições com importante papel na discussão da concepção de universidade e<br />
suas funções, assim como a autonomia universitária e o modelo de universidade a<br />
ser adotado no país.<br />
Prosseguindo esse rápido transcurso histórico, a autora acrescenta:<br />
O inicio dos anos 30 é marcado por uma conscientização maior dos<br />
problemas educacionais. A concepção de que a reforma da sociedade se<br />
daria pela reforma da educação e do ensino, assim como pelo espírito de<br />
“criação” e de “reprodução/modernização” das elites, herdados da década<br />
anterior, adquiriram maior força e ampliaram as suas perspectivas. Tais<br />
projetos de reconstrução da sociedade, no entanto, nem sempre<br />
convergiram na mesma direção; ao contrário, às vezes se desdobraram em<br />
conflito de uns com os outros até serem silenciados com o Estado Novo.<br />
(FÁVERO, 2000, p. 40).<br />
Cabe destacar que no contexto da modernização decorrente da “Revolução<br />
de 30” se consolidam dois projetos convergentes na sua intenção básica: o da<br />
Universidade de São Paulo – USP (1934) e o da Universidade do Distrito Federal –<br />
UDF (1935). Nesta última, os pensamentos liberais e progressistas da ABE e do<br />
ABC estiveram representados por Anísio Teixeira (defendendo a liberdade de<br />
pensamento e a autonomia universitária) que não consegue impor as suas ideias às<br />
do Ministro Capanema, representante das elites dominantes. Assim, ambas as<br />
instituições exemplificam posições políticas e modelos institucionais contrastantes<br />
que se opunham às tendências centralizadoras “reflexo da política autoritária<br />
adotada desde o início do Governo Provisório” (Fávero, 2006, p. 24). De uma forma,<br />
ou de outra, “a perspectiva de uma universidade autônoma, produtora de saber<br />
desinteressado, formadora de indivíduos teórica e politicamente críticos, cultores da<br />
liberdade, foi vista como ameaça à “ordem” e às “boas relações” Universidade-<br />
Estado”, acrescenta Sguissardi (2003).<br />
Em 1934, como já foi mencionado, é criada a Universidade de São Paulo<br />
(USP), sob a influência de um grupo de intelectuais inovadores liderados por<br />
Fernando de Azevedo. A criação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, como<br />
centro integrador da busca crítica do saber, denota a tentativa de mudança do<br />
modelo de universidade tradicional profissionalizante, ou napoleônico, para o<br />
germânico/humboldtiano, o que provocou várias reações conservadoras das<br />
escolas profissionais. Este fato é destacado por Sguissardi (2003, p. 3) quando<br />
acrescenta: “A universidade sobreviveu, porém mais como federação de escolas do<br />
que como efetiva universidade e revestindo-se dos traços do usual modelo<br />
napoleônico, profissional”.<br />
A Era Vargas é marcada por vários mecanismos centralizadores que se tornam<br />
mais evidentes, a partir de 1931, com o Código dos Interventores, que limita a ação<br />
dos Estados. A criação do Ministério de Educação e Saúde Pública (1930) permite a<br />
implementação de uma série de medidas e reformas do ensino secundário, superior<br />
e comercial.