Faça o download - Unisc
Faça o download - Unisc
Faça o download - Unisc
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
24<br />
Susana Margarita Speroni<br />
Mannheim em 1947, no livro Liberdade, poder e planificação democrática,<br />
afirma, em meados do século XX, que a tarefa dos intelectuais comprometidos com<br />
a liberdade humana era compreender a natureza dos problemas reais.<br />
Caberia, então, aos intelectuais de fato, pela sua possibilidade de trabalhar<br />
com o conhecimento crítico e assim “libertar-se das amarras ideológicas”, a<br />
incumbência de balizar os caminhos e de iluminar os debates e as discussões a<br />
respeito das dificuldades atuais no que diz respeito às soluções dos problemas<br />
relacionados com as desigualdades, a pobreza e a concentração de renda.<br />
Deveriam os intelectuais se<br />
[...] preocupar com as consequências sociais da transformação da<br />
sociedade, que têm suas raízes na última guerra, mas que só agora (1947)<br />
começam a manifestar-se plenamente. Não estudamos mudanças<br />
secionais ou parciais em si mesmas, mas somente em sua<br />
interdependência. Sem menosprezar a significação da estrutura<br />
econômica, salientaremos que, sem as modificações correspondentes no<br />
plano político e cultural não há reformas satisfatórias (MANNHEIM, 1972, p.<br />
17).<br />
Giovanni Semeraro, no texto “Intelectuais “orgânicos” em tempos de pósmodernidade”,<br />
publicado em 2006, refere-se ao desempenho de diversas funções<br />
intelectuais que nunca deve justificar hierarquias ou divisão de classes na<br />
sociedade, destacando o afastamento das reflexões de Gramsci em relação ao<br />
conceito de uma "intelligentsia" livremente "flutuante" com uma missão especial e de<br />
capacidades "objetivas" que, desde Mannheim (1986), têm ocupado muitas<br />
discussões contemporâneas. Por outro lado, não se aproxima das posições de<br />
Bobbio sobre a função dos intelectuais que reedita o dualismo de Weber ao<br />
distinguir entre o "ideólogo" e o "expert" (Bobbio, 1993, p. 117), entre o filósofo e o<br />
técnico (p. 140 e 159), ou seja, entre a "ética da convicção" e a "ética da<br />
responsabilidade", princípios muito importantes para os liberais e a maioria dos<br />
nossos políticos.<br />
A obra de K. Mannheim foi muito vasta, mas, sem dúvida, existem algumas<br />
publicações que tiveram, no Brasil, uma difusão mais ampla como os livros<br />
Ideologia e Utopia (1950), Diagnóstico do nosso tempo (1961), Sociologia<br />
Sistemática: uma introdução ao estudo da Sociologia (1962), Introdução à<br />
Sociologia da Educação (1969) e Liberdade, poder e planificação democrática<br />
(1972) (VILAS BOAS, 2006).<br />
Valle (2001) aponta que, de toda a obra de K. Mannheim, Ideologia e Utopia;<br />
Diagnóstico do nosso tempo e Liberdade, poder e planificação democrática “son las<br />
obras que recogen el pensamiento de K. Mannheim, mas es en el primero donde se<br />
expone la línea de investigación sobre la sociologia del conocimiento científico”<br />
(VALLE, 2001, p. 292).<br />
Em trabalho recentemente publicado, Glaucia Villas Boas analisa a obra de<br />
Mannheim e sua recepção no Brasil, afirmando que foi lido por gerações de<br />
intelectuais estrangeiros e brasileiros e, ainda hoje, é referência quando se fala em