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96<br />

Susana Margarita Speroni<br />

Assim, o conjunto de princípios integradores configura um esquema<br />

simplificado que serve à função de justificação ideológica de determinada ação<br />

social. Por outro lado, a função de dissimulação pode ameaçar o processo de<br />

reconhecimento coletivo, entrando em contradição com o processo de justificação<br />

que ocorre através do prolongamento do efeito do(s) ato(s) fundador (es).<br />

Ricoeur, em várias das suas obras, retoma algumas questões nesse sentido,<br />

reforçando que o fenômeno ideológico se difunde para além do conjunto de pais<br />

fundadores, expandindo a energia inicial do ato fundante. A busca de legitimidade<br />

por parte de um determinado grupo social mobiliza um conjunto de crenças que<br />

auxiliam na interpretação da realidade social, e constroem e recompõem os<br />

significados dos vínculos sociais. A narrativa destas ideias conduz o ato fundante<br />

para o futuro, aproximando-o da utopia, no sentido trazido por Mannheim.<br />

Por outro lado, Marilena Chauí 53 , em seu livro Brasil, Mito Fundador e<br />

Sociedade Autoritária, descreve o mito fundador em dois sentidos, um que se<br />

relaciona mais com o significado etimológico ao qual se associam aspectos como<br />

lendas ou crenças que são narradas por um grupo determinado, e, outro, que inclui<br />

uma narrativa utilizada para explicar e justificar determinada realidade social e as<br />

tensões decorrentes das contradições que dela emergem. Assim, o mito criador se<br />

aproxima do processo ideológico, principalmente na sua função de justificação.<br />

Então, nesse contexto de um sistema de educação superior que se inicia<br />

muito tardiamente em relação a outros países da América do Sul, e que apresenta<br />

as marcas ideológicas das tensões decorrentes entre o público e o privado, entre o<br />

laico e o confessional, bem como do projeto desenvolvimentista liderado pelo ISEB,<br />

surgem as primeiras manifestações de educação superior em Bagé, no período<br />

compreendido ente 1953 e 1960, conforme registrado na tabela abaixo:<br />

Ano criação Instituição Mantenedora<br />

1953<br />

Criação Faculdade de Ciências Mantida pela Associação de<br />

Econômicas<br />

Cultura Econômica<br />

1955<br />

Faculdade Católica de Filosofia, Extensão da Faculdade Católica<br />

Ciências e Letras<br />

de Pelotas<br />

1960<br />

Autorização dos cursos de Pintura e<br />

Mantidas pela Prefeitura Municipal<br />

Música no Instituto Municipal de Belas<br />

de Bagé<br />

Artes<br />

Quadro 8: Os primeiros cursos de Educação Superior em Bagé e suas respectivas 54<br />

mantenedoras.<br />

Fonte: Quadro elaborado pela autora.<br />

53<br />

CHAUÍ, Marilena. Brasil, Mito Fundador e Sociedade Autoritária. 4. ed. São Paulo: Fund. Perseu<br />

Abramo, 2001.p. 103.

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