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Susana Margarita Speroni<br />
implicaram na modificação do modelo institucional da UNB e na extinção do ISEB<br />
(Instituto Superior de Estudos Brasileiros)<br />
Cabe destacar algumas medidas encaminhadas pelo governo em relação<br />
específica à universidade. Fávero (2006) sublinha:<br />
[...] o plano de assistência técnica estrangeira, consubstanciado pelos<br />
acordos MEC/USAID; o Plano Atcon (1966) e o Relatório Meira Mattos<br />
(1968). Concebida como estratégia de hegemonia, a intervenção da USAID<br />
na América latina se processa de modo integrado, nos anos 60, em várias<br />
áreas e sob três linhas de atuação; assistência financeira, traduzida em<br />
recursos para financiamento de projetos e compra de equipamentos nos<br />
EUA, além da assistência militar, concretizada pela vinda de consultores<br />
militares norte-americanos ao Brasil e do treinamento de militares<br />
brasileiros nos Estados Unidos, assim como do fornecimento de<br />
equipamentos militares (FÁVERO, 1994, p. 152).<br />
Vários outros aspectos contribuíram para desenhar o contexto necessário para<br />
a construção da Reforma de 1968, seja através do movimento estudantil, com a<br />
participação ativa da União Nacional dos Estudantes (UNE), seja quanto às disputas<br />
teóricas representadas pelos intelectuais que lideravam o CNPq - cujo foco principal<br />
era o desenvolvimento da pesquisa científica e tecnológica nas áreas de ciências<br />
exatas e biológicas financiando a compra de equipamentos - e a CAPES, liderada<br />
por Anísio Teixeira, que investia na formação de quadros universitários.<br />
A meu ver, não se pode negar que, mesmo considerando que várias das<br />
soluções pedagógico-administrativas incorporadas à Reforma de 1968<br />
tenham emergido do momento anterior a 1964, há um evidente<br />
deslocamento do eixo em torno do qual se articula a reforma da<br />
universidade. Este se transfere do âmbito da reflexão sobre a sua<br />
responsabilidade social e política num projeto global de desenvolvimento,<br />
para o âmbito da racionalidade administrativa e econômica, num contexto<br />
marcadamente repressivo (MENDOÇA, 2000, p. 147).<br />
A Reforma Universitária de 1968, consubstanciada na Lei nº 5.540/68 e<br />
legislação complementar, foi construída após o primeiro impacto do golpe militar<br />
que tentou intervir, reprimir e desarticular os movimentos que sustentavam as<br />
tentativas de mudança, seja pelas pressões exercidas pelas classes médias que se<br />
traduzia na questão dos excedentes, seja pelas necessidades inerentes ao próprio<br />
processo de modernização econômica. Assim, dito documento legal afirmava<br />
explicitamente constituir-se a universidade na forma ideal de organização<br />
do ensino superior, na sua tríplice função de ensino, pesquisa e extensão,<br />
enfatizando-se a indissolubilidade entre essas funções, particularmente<br />
entre ensino e pesquisa, sendo esta última o próprio distintivo da<br />
universidade (MENDOÇA, 2000, p. 148).<br />
Cavalcante lembra que este dispositivo legal vem ocupar um espaço deixado<br />
em aberto pela LDBN, lei 4024/61, que não definia adequadamente as funções da<br />
universidade brasileira, e tenta, ao mesmo tempo, impor “[...] princípios de<br />
racionalização, integração e flexibilidade [...]” o que mostrava “a busca de uma