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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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Capítulo 14 • 113<br />

temos em nossa posse e nos deleitamos mais no desfruto daquilo<br />

que imediatamente será tirado de nós. Portanto, a fim de fazê-los<br />

mais desejosos de ouvir suas doutrinas, ele avisa que logo partirá.<br />

Embora Cristo não cesse de ensinar-nos durante todo o curso de<br />

nossa vida, contudo esta declaração pode ser aplicada para nosso<br />

proveito; porque, visto ser breve o curso de nossa vida, devemos<br />

abraçar a presente oportunidade.<br />

Pois o príncipe deste mundo se aproxima. Ele poderia ter dito, em<br />

linguagem direta, que logo morreria e que a hora de sua morte estava<br />

próxima, porém faz uso de um rodeio para fortificar de antemão suas<br />

mentes, para que, terrificados pelo gênero tão hediondo e detestável<br />

de morte, não desmaiassem. Pois crer nele crucificado seria muito pior<br />

que buscar vida no inferno! Primeiramente, ele diz que seu poder será<br />

dado a Satanás e em seguida acrescenta que irá embora, não porque se<br />

vê compelido a agir assim, mas a fim de obedecer ao Pai.<br />

O diabo é chamado o príncipe deste mundo, não porque possua<br />

um reino separado do reino de Deus (como os maniqueus imaginavam),<br />

mas porque, pela permissão divina, ele exerce sua tirania<br />

sobre o mundo. Portanto, sempre que ouvirmos esta designação aplicada<br />

ao diabo, envergonhemo-nos de nossa miserável condição; pois<br />

por mais profundo que seja o orgulho dos homens, não passam de<br />

escravos do diabo até que sejam regenerados pelo Espírito de Cristo;<br />

pois sob o termo mundo está inclusa, aqui, toda a raça humana. Não<br />

existe senão um Libertador que nos livra e nos resgata de tão terrível<br />

escravidão. Ora, visto que esse castigo fora infligido em decorrência<br />

do pecado do primeiro homem, e visto que diariamente ele se torna<br />

pior em decorrência de novos pecados, aprendamos a odiar tanto a<br />

nós mesmos quanto a nossos pecados. Embora sejamos mantidos<br />

cativos sob o domínio de Satanás, não obstante esse cativeiro não<br />

nos isenta de culpa, pois ele é voluntário. É preciso observar também<br />

que, o que é feito pelos ímpios é aqui atribuído ao diabo, porque, já<br />

que se deixam impelir por Satanás, tudo o que fazem é com razão<br />

considerado obra dele.

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