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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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136 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

do antes que os apóstolos fossem odiados. Porém prefiro a segunda<br />

explicação, isto é: Cristo, que é muito mais exaltado acima de todos<br />

eles, não foi isentado do ódio do mundo, e por isso seus ministros não<br />

devem recusar a mesma condição; pois a fraseologia é a mesma que<br />

aquela que já vimos duas vezes antes, nos versículos 27 e 30 do primeiro<br />

capítulo deste livro: Aquele que vem antes de mim tem a primazia<br />

(ὅτι πρῶτός μου ἦν), pois ele existia antes de mim.<br />

19. Se fôsseis do mundo. Esta é outra consolação, que a razão<br />

pela qual são odiados pelo mundo é porque foram separados dele. Ora,<br />

esta é sua verdadeira felicidade e glória, porque dessa forma foram<br />

resgatados da destruição.<br />

Eu, porém, vos escolhi do mundo. Escolher, aqui, significa separar.<br />

Ora, se foram escolhidos do mundo, segue-se que eram uma parte<br />

do mundo, e que somente pela misericórdia divina que vieram a se distinguir<br />

do resto que perece. Além disso, pelo termo, o mundo, Cristo<br />

descreve, nesta passagem, todos quantos não foram regenerados pelo<br />

Espírito de Deus; pois ele contrasta a Igreja com o mundo, como veremos<br />

mais plenamente no capítulo dezessete. E, contudo, esta doutrina<br />

não contradiz a exortação de Paulo: Se for possível, quanto estiver em<br />

vós, tende paz com todos os homens [Rm 12.18]; pois a exceção que ele<br />

acrescenta equivale a isto: que ninguém, ao buscar agradar o mundo,<br />

pode ceder a suas corrupções.<br />

Mas há ainda outra objeção que se poderia alegar; pois vemos<br />

que comumente sucede que homens perversos, que pertencem ao<br />

mundo, são não só odiados, mas amaldiçoados por outros. Certamente<br />

que neste aspecto o mundo ama não o que é propriamente seu. Respondo<br />

que os homens mundanos, que se deixam regular pela percepção<br />

de sua carne, nunca sentem verdadeiro ódio pelo pecado, mas só até<br />

onde se veem afetados pela consideração de sua própria conveniência<br />

ou prejuízo. E, contudo, a intenção de Cristo não era negar que o mundo<br />

espumeja e ruge em seu íntimo por discórdias internas. Ele apenas<br />

pretendia mostrar que o mundo nada odeia nos crentes senão o que<br />

provém de Deus. E daí também transparecer claramente quão fúteis

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