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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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262 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

te ele fora cego, e que, depois de ter recebido sua vista, se converteu<br />

à fé. Assim o colocaram no catálogo dos santos. 30 Visto que suas orações,<br />

onde quer que invoquem a Deus, repousa sobre intercessores,<br />

pergunto: Serão capazes de obter o pedido? Mas os que desprezam<br />

a Cristo e buscam as intercessões dos mortos, merecem que o diabo<br />

lhes mande espectros e fantasmas.<br />

E imediatamente saíram sangue e água. Alguns têm se enganado<br />

imaginando que este foi um milagre; pois é natural que o sangue,<br />

quando se resfria, perca sua cor vermelha e adquira a aparência de<br />

água. É bem notório também que a água é contida na membrana que<br />

liga imediatamente os intestinos. O que os conduziu ao equívoco é<br />

que o evangelista se dê ao trabalho de explicar que sangue jorrou juntamente<br />

com água, como se fosse relacionar algo incomum e contrário<br />

à ordem da natureza. Ele, porém, teve uma intenção totalmente diferente;<br />

isto é, acomodar sua narrativa às passagens da Escritura que<br />

imediatamente anexa, e mais especialmente para que os crentes inferissem<br />

do que ele afirma em outro lugar, que Cristo veio com água e<br />

sangue [1Jo 5.6]. Com essas palavras ele quer dizer que Cristo trouxe a<br />

30 O Dr. Bloomfield anexa a seguinte nota a este versículo: “Lemos que o epitáfio deste<br />

soldado (se genuíno) se encontra na Igreja de Santa Maria, em Lião, e reza assim: ‘Qui<br />

Salvatoris latus Cruce Cuspide fixit, Longinus hic jact.’ – ‘Aqui jaz Longinus, que traspassou<br />

com uma lança o peito do Salvador na cruz’.” Como o comentarista erudito advertiu assim<br />

sumariamente para este lendário conto, é bom que o leitor deve ser brevemente posto a<br />

par de todo ele, como foi coligido por Moreri de Tillemont e outros escritores eclesiásticos,<br />

em seu “Dictionary”, sob o tópico St Longin (St. Longinus). Este St. Longinus é duplo:<br />

“Alguns dizem que ele foi o soldado que traspassou o lado de nosso Senhor com uma<br />

lança; e outros, que ele foi o centurião que ordenou a guarda da cruz. As lendas registram<br />

ambas essas pessoas como tendo se convertido à fé cristã, que sofreram o martírio e<br />

foram canonizadas.” Moreri, contudo, ainda que um eclesiástico da igreja romana, viu-se<br />

constrangido a acrescentar: “Esses atos de ambos os Longinuses são ambos manifestamente<br />

falsos; e as circunstâncias que alegam mutuamente se refutam.” Tudo indica que o nome<br />

Longinus foi formado do grego λόγχη, espada; sendo longinus a forma latina de λόγχιμνος<br />

– lanceiro. Assim, descobre-se que St. Longinus é um santo semelhante a Santa Verônica,<br />

registrada por Brydone. “Os gregos”, continua Moreri, “celebram o martírio de Longinus,<br />

o centurião, no dia 16 de outubro; os latinos, no dia 15 de março; e os cóptos, no dia 1 de<br />

novembro. O martírio de Longinus, o soldado, não é reconhecido pelos gregos; mas os<br />

latinos o comemoram em dias diferentes; alguns no dia 15 de março, alguns no dia 1 de<br />

setembro, outros no dia 22 de novembro, ou no dia 11 de dezembro.” E assim vemos quão<br />

pouco isso merece credibilidade e o quanto possui de superstição, e em nada merece a<br />

atenção dos leitores do evangelho. – Granville Penn’s Annotations.

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