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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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220 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

pretendesse ocultar do povo o que ele falava a um pequeno grupo de<br />

pessoas no interior da casa. Portanto, ele podia testificar com uma boa<br />

consciência que publicamente declarara e honestamente proclamara<br />

a substância de sua doutrina.<br />

22. E tendo dito essas coisas. Isso é adicionado com o fim de informar-nos,<br />

em primeiro lugar, quão grande era a fúria dos inimigos<br />

de Cristo e quão tirânico era seu governo; e, em segundo lugar, que<br />

sorte de disciplina existia entre aqueles sacerdotes. Assentavam-se<br />

como juízes, porém sua crueldade assemelhava-se à das bestas ferozes.<br />

Convoca-se um concílio no qual deveria ter prevalecido a máxima<br />

gravidade; contudo, um só oficial é tão ousado e presunçoso que, em<br />

meio aos processos judiciais, e na presença dos juízes, ele fere a pessoa<br />

acusada, em quem não conseguiu descobrir nenhum vestígio de<br />

culpa. Portanto, não surpreende que a doutrina de Cristo fosse condenada<br />

por uma assembleia bárbara, da qual não só toda a justiça, mas<br />

igualmente toda humanidade e modéstia foram banidas.<br />

23. Seu eu falei mal. Isto é, “Se porventura pequei, então acusa-me,<br />

para que, quando a causa for julgada, eu seja punido de conformidade<br />

com a ofensa; porque esse não é um modo lícito de proceder, porém<br />

uma ordem bem diferente e uma modéstia bem distinta deveriam ser<br />

mantidas nas cortes judiciais.” Cristo se queixa, pois, de que uma grave<br />

injúria se praticaria contra ele, caso não tivesse cometido nenhuma<br />

ofensa; e que, mesmo sendo culpado de cometer ofensa, contudo deveriam<br />

proceder de uma maneira lícita, e não com fúria e violência.<br />

Mas Cristo parece não observar, no presente exemplo, a regra que<br />

em outro lugar ele mesmo estabelece para seus seguidores: Não resistais<br />

ao mal; mas, se alguém te bater na face direita, deixa-lhe também a<br />

capa [Mt 5.39]. Respondo que na paciência cristã, nem sempre o dever<br />

daquele que for ferido é deixar de responder à injúria sofrida sem dizer<br />

sequer uma palavra, mas, antes de tudo, suportá-la com paciência; e,<br />

em segundo lugar, renunciar a qualquer pensamento de vingança e esforçar-se<br />

por vencer o mal com o bem [Rm 12.21]. Os ímpios já são tão<br />

poderosamente impelidos pelo espírito de Satanás a injuriar outros a

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