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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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Capítulo 12 • 35<br />

mas quanto mais o Senhor da glória se humilha, tanto mais eminente<br />

é a manifestação de seu infinito amor por nós. Além disso, devemos<br />

recordar o que eu já declarei: que os sentimentos humanos, dos quais<br />

Cristo não estava isento, eram nele puros e livres de pecado. A razão<br />

é que foram guiados e regulados em obediência a Deus; pois não há<br />

nada a impedir Cristo de nutrir medo natural da morte e ainda assim<br />

desejar obedecer a Deus. Isto é válido em vários aspectos; e daí ele<br />

corrigir-se, dizendo:<br />

Por esta causa eu vim para esta hora. Pois ainda que licitamente<br />

ele pudesse nutrir medo da morte, contudo, considerando a razão pela<br />

qual ele fora enviado, e o que seu ofício de Redentor demanda dele, então<br />

apresenta a seu Pai o medo oriundo de sua natural disposição, a<br />

fim de que o mesmo fosse subjugado, ou, melhor, sendo subjugado, ele<br />

se prepara livre e espontaneamente para executar a ordem de Deus.<br />

Ora, se os sentimentos de Cristo, que eram livres de todo e qualquer<br />

pecado, tinham de ser restringidos desta maneira, com quanta solicitude<br />

devemos aplicar-nos a este alvo, visto que os numerosos afetos<br />

que emanam de nossa carne são em nós tantos inimigos de Deus! Que<br />

os santos, pois, perseverem em fazer a si mesmos, até que tenham<br />

negado a si mesmos.<br />

É preciso observar-se ainda que devemos restringir não só aqueles<br />

afetos que são diretamente contrários à vontade de Deus, mas<br />

também aqueles que obstruem o progresso de nossa vocação, ainda<br />

que, em outros aspectos, não sejam perversos ou pecaminosos. Para<br />

tornar isto mais plenamente evidente, devemos colocar na posição<br />

mais nobre a vontade de Deus; na segunda, a vontade humana, pura<br />

e íntegra, tal como Deus outorgou a Adão, e tal como havia em Cristo;<br />

e, última, a nossa, a qual se acha infectada pelo contágio do pecado.<br />

A vontade de Deus é a norma, à qual cada coisa que é inferior deve<br />

sujeitar-se. Ora, a vontade pura da natureza por si só não se rebelará<br />

contra Deus; o homem, porém, ainda que fosse totalmente formado em<br />

retidão, encontraria muitas obstruções, a menos que ele sujeite a Deus<br />

seus afetos. Cristo, portanto, tinha apenas uma batalha a enfrentar, a

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