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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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Capítulo 18 • 213<br />

samente lhe atribuíam. Além disso, era excessivamente temerário que<br />

Pedro tentasse provar sua fé pelo uso de sua espada, enquanto ele<br />

nem mesmo conseguia brandir bem sua língua. Ao deparar-se com a<br />

oportunidade de fazer confissão, ele nega seu Mestre; e agora, sem a<br />

autorização de seu Mestre, ele provoca tumulto.<br />

Advertidos por um exemplo tão chocante, aprendamos a conservar<br />

nosso zelo dentro de limites próprios; e como a licenciosidade de<br />

nossa carne está sempre solícita a tentar mais do que Deus ordena,<br />

aprendamos que nosso zelo será mal sucedido toda vez que nos aventurarmos<br />

a empreender algo contrário à palavra de Deus. De vez em<br />

quando sucede que o começo nos faz lisonjeiras promessas, mas que,<br />

por fim, ele nos castigará por nossa temeridade. Que a obediência,<br />

pois, seja o fundamento de tudo o que empreendermos. Devemos ainda<br />

lembrar-nos que aqueles que resolveram pleitear a causa de Cristo<br />

nem sempre se conduzem tão habilmente que não cometam alguma<br />

falta; e, portanto, devemos com mais desvelo rogar que o Senhor nos<br />

guie em cada ato com o espírito de prudência.<br />

11. Põe tua espada na bainha. Com esta ordem Cristo reprova a<br />

ação de Pedro. Mas devemos atentar para a razão, a saber: que não se<br />

permitia a um indivíduo em particular pôr-se em oposição àqueles que<br />

foram investidos com autoridade pública; pois isso pode ser inferido<br />

dos outros três evangelistas que relatam a declaração geral de Cristo:<br />

Aquele que fere com espada, pela espada perecerá [Mt 26.52]. Devemos<br />

ainda precaver-nos de repelir nossos inimigos pela força ou violência,<br />

mesmo quando injustamente nos provocarem, exceto até onde as instituições<br />

e leis da comunidade admitirem. Pois quantos vão além dos<br />

limites de sua vocação, ainda que granjeiem o aplauso do mundo inteiro,<br />

jamais obterão, por sua conduta, a aprovação de Deus. 3<br />

Não beberei eu o cálice que meu Pai me deu? Esta parece constituir<br />

a razão primordial por que Cristo deveria guardar silêncio, para<br />

que fosse conduzido ao sacrifício como um cordeiro [Is 53.7]; mas isso<br />

3 O leitor achará os conceitos de nosso autor sobre este tema expresso plenamente na<br />

Harmony of the Evangelists, <strong>Vol</strong>. III. p. 244.

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