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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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240 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

a interpretação que dou a esta passagem é que Pilatos, abalado pelo<br />

medo de Deus, ficou perplexo e dominado pela dúvida quanto ao que<br />

deveria fazer; 7 pois ele via, de um lado, o excitamento de uma revolta;<br />

e, do outro, a consciência o impedia de ofender a Deus por tentar ele<br />

evitar o perigo.<br />

Esse exemplo é sumamente digno de observação. Ainda que o<br />

semblante de Cristo fosse tão desfigurado, não obstante, assim que<br />

Pilatos ouviu o nome de Deus, apoderou-se dele o medo de ofender<br />

a majestade de Deus em um homem que era totalmente humilde e<br />

desprezível. Se a reverência por Deus exercesse tanta influência sobre<br />

uma pessoa não religiosa, não seriam piores que os réprobos os<br />

que então julgam as coisas divinas como uma diversão e troça, displicentemente<br />

e sem qualquer temor? Pois realmente Pilatos é uma<br />

prova de que os homens têm naturalmente senso religioso, os quais<br />

não toleram ser destemidamente arremessados em qualquer direção<br />

que queiram, quando a questão se relaciona com as coisas divinas.<br />

Essa é a razão por que eu disse: os que, ao compendiarem a doutrina<br />

da Escritura, não se deixam impressionar com a majestade de Deus,<br />

mais do que se estivessem disputando acerca da sombra de um asno,<br />

são entregues a uma mente depravada [Rm 1.28]. Não obstante, um<br />

dia sentirão, para sua destruição, que veneração se deve ao nome de<br />

Deus, a qual ora tratam com desdém e ultrajante zombaria. É chocante<br />

perceber quão arrogantemente os papistas condenam a clara<br />

comprovada verdade de Deus, e como cruelmente derramam sangue<br />

inocente. Solicito ao leitor que averigúe donde provém aquela estúpida<br />

embriaguez, se não é porque não se lembram de que tem algo a<br />

ver com Deus?<br />

E Jesus não lhe deu resposta. Não devemos pensar ser estranho<br />

que Jesus não responda; pelo menos, se tivermos em mente o que men-<br />

7 “Il estoit en perplexité et doute de ce qu’il devoit faire.” – A fraseologia latina é muito<br />

idiomática, sendo formada de uma notável passagem de Plautus: “Quod inter sacrum,<br />

ut aiunt , et saxum hæserit.” – “Ele se viu perplexo, como dizem, entre a vítima e a faca<br />

sacrificial.” Uma estreita semelhança com isso se pode observar num provérbio francês:<br />

“Etre entre le marteau et l’enclume.” – Estar entre o martelo e a bigorna.

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