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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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208 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

um vale cavernoso, era sombrio. Sobre esse ponto, contudo, não polemizo.<br />

Apenas afirmo o que é mais provável.<br />

O que principalmente se deve considerar é a intenção do evangelista<br />

ao designar o lugar, pois seu objetivo era mostrar que Cristo<br />

caminhava para a morte voluntariamente. Ele foi para um lugar que bem<br />

sabia ser bem conhecido de Judas. Por que ele agiu assim, senão para<br />

apresentar-se intencionalmente ao traidor e aos inimigos? Tampouco<br />

ele se deixou desviar por inadvertência, pois de antemão conhecia tudo<br />

quanto estava para acontecer. <strong>João</strong> em seguida menciona também que<br />

ele foi ao encontro deles. Ele, pois, enfrentou a morte, não por constrangimento,<br />

mas voluntariamente, para ser um sacrifício voluntário; pois<br />

sem obediência a expiação não nos teria sido granjeada.<br />

Além disso, ele adentrou o horto, não com o propósito de buscar<br />

um lugar de refúgio secreto, mas para que tivesse melhor oportunidade<br />

e mais privacidade para a oração. O fato de haver orado três vezes<br />

para ser poupado da morte [Mt 26.44] não é inconsistente com essa<br />

obediência voluntária de que já falamos; 1 pois era necessário que ele<br />

enfrentasse dificuldades, a fim de poder ser vitorioso. Ora, havendo<br />

subjugado o terror da morte, ele avança rumo a ela livre e espontaneamente.<br />

3. Judas, pois, tendo recebido um grupo de soldados. O fato de<br />

Judas chegar acompanhado de soldados e de um séquito tão numeroso<br />

é sinal de uma má consciência, a qual sempre estremece sem razão<br />

plausível. É certo que o grupo de soldados foi recebido da parte do<br />

governador, o qual enviou também um capitão à testa de mil soldados;<br />

pois, no caso de súbitos motins, uma guarnição ficava estacionada<br />

na cidade, e o governador pessoalmente mantinha uma corporação<br />

militar onde quer que estivesse. O restante se compunha de oficiais<br />

enviados pelos sacerdotes. <strong>João</strong>, porém, faz menção à parte dos fariseus,<br />

porque eram mais enfurecidos do que todo o restante, como se<br />

se preocupassem mais com a religião.<br />

1 Sobre este ponto o leitor fará bem consultando a exposição e argumento bem elaborados<br />

de nosso autor, em Harmony of the Evangelists, <strong>Vol</strong>. III, pp. 226-234.

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