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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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66 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

Pois o que um mortal imagina ser quando se recusa a levar as cargas<br />

dos irmãos, a acomodar-se a seus hábitos e, em suma, a exercer aqueles<br />

ofícios por meio dos quais a unidade da Igreja é mantida? Em suma,<br />

ele quer dizer que a pessoa que crê não se deve associar aos irmãos<br />

fracos sob a condição de submeter-se solidária e gentilmente mesmo<br />

aos ofícios que parecem ser humildes, reivindica mais do que realmente<br />

tem direito, e ainda nutre opinião mui elevada a seu respeito, 12<br />

15. Porque eu vos dei o exemplo. Merece nossa atenção o fato<br />

de Cristo dizer que ele deu o exemplo; pois não temos a liberdade de<br />

encarar todas suas ações, sem reserva, como pontos de imitação. Os<br />

papistas se vangloriam de que, mediante o exemplo de Cristo, observam<br />

quarenta dias de jejum ou Quaresma. Mas devemos, em primeiro<br />

lugar, observar se ele pretendia ou não estabelecer sua abstinência<br />

como um exemplo para que os discípulos se conformassem a ela como<br />

uma norma. Não lemos nada desse gênero, e, portanto, tal imitação<br />

não é menos ímpia do que se tentassem voar para o céu. Além disso,<br />

quando deviam ter seguido a Cristo, deixaram de ser seus imitadores<br />

para serem símios. Todo ano eles têm uma forma de lavar os pés<br />

a algumas pessoas, como se fosse uma farsa que representassem no<br />

teatro; 13 e assim, quando terminam de realizar essa cerimônia fútil e<br />

irracional, acreditam que cumpriram plenamente seu dever e se consideram<br />

em liberdade de desprezar seus irmãos durante o resto do<br />

ano. 14 Mas – o que é muito pior 15 –, depois de haver lavado os pés de<br />

doze pessoas, sujeitam cada membro de Cristo a cruel tortura e assim<br />

cospem na face de Cristo. Portanto, essa exibição de bufonaria nada<br />

mais é do que uma ignominiosa zombaria dirigida a Cristo. Em todos<br />

os eventos, Cristo não ordena aqui uma cerimônia anual, mas nos convida<br />

a nos prontificarmos, ao longo de toda nossa vida, a lavar os pés<br />

de nossos irmãos e semelhantes. 16<br />

12 “Cestuy-là s’attribue plus qu’il ne faut, et fait trop grand conte de soy.”<br />

13 “Comme s’ils jouyoient une farce sur des eschaffauts.”<br />

14 “Tout le reste de l’an.”<br />

15 “Il y a bien pis.”<br />

16 “De nos freres et prochains.”

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