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Comentário Evangelho Segundo João - Vol. 2

Comentário de João Calvino no Evangelho Segundo João - Vol. 2.

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34 • <strong>Comentário</strong> do <strong>Evangelho</strong> de <strong>João</strong><br />

Há também outra vantagem que isto nos proporciona. Se o medo<br />

da morte não tivesse ocasionado nenhuma inquietude no Filho de<br />

Deus, 23 qual de nós teria imaginado que seu exemplo era aplicável ao<br />

nosso caso? Pois não nos foi dado morrer sem o senso de pesar, mas<br />

quando descobrimos que ele não tinha em si a dureza da pedra ou do<br />

ferro, 24 recobramos o ânimo para segui-lo, e a fraqueza da carne, que<br />

nos faz tremer ante a morte, não nos impede de nos tornarmos os<br />

companheiros de nosso General na luta contra ela.<br />

E que direi eu? Aqui vemos, ante nossos olhos, o quanto nossa<br />

salvação custou ao Filho de Deus. Quando ele foi reduzido a tal extremo<br />

de angústia, que não achava palavras para expressar a intensidade<br />

de sua tristeza, nem mesmo resolução como homem ele lança mão da<br />

oração, a qual é seu único recurso restante, e roga que fosse poupado<br />

da morte. Uma vez mais, percebendo também que, pelo eterno propósito<br />

de Deus, ele fora designado a ser um sacrifício pelos pecados,<br />

subitamente corrige aquele desejo que sua pródiga dor arrancara dele,<br />

e estende sua mão, por assim dizer, a fazer-se recuar, para que aquiescesse<br />

inteiramente na vontade de seu Pai.<br />

Nesta passagem, devemos observar cinco passos. No primeiro, ele<br />

faz uma queixa, a qual prorrompe de veemente tristeza. No segundo,<br />

ele sente que necessita de um remédio, e, a fim de não ser esmagado<br />

pelo temor, indaga a si mesmo o que deveria fazer. No terceiro, ele vai<br />

ao Pai e roga-lhe que o liberte. No quarto, ele se retrata do desejo, que<br />

bem sabe ser inconsistente com sua vocação, e escolhe antes sofrer<br />

tudo do que deixar de cumprir o que seu Pai lhe impusera. No último,<br />

ele fica satisfeito só com a glória de Deus, esquece tudo mais e atribui<br />

a si, nenhum valor.<br />

Mas é possível que se conclua ser inconveniente que o Filho de<br />

Deus declare temerariamente um desejo do qual imediatamente se<br />

retrataria, a fim de obedecer a seu Pai. Prontamente admito: isto constitui<br />

a loucura da cruz, a qual constitui ofensa aos homens orgulhosos.<br />

23 “Lê Fils die Dieu.”<br />

24 “Une durete de pierre et de fer.”

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