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Arte e Educação - Fundação Bienal do Mercosul

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plexidade da obra. Para dar um exemplo desse último ponto, em<br />

inúmeros museus americanos há um programa muito popular chama<strong>do</strong><br />

“Treasure Hunt” ou “procura <strong>do</strong> tesouro”. Nesse programa, o<br />

público – crianças e adultos – é convida<strong>do</strong> a percorrer o museu a<br />

grande velocidade em procura de detalhes nas obras: um chapéu vermelho,<br />

um copo de água, ou até, como em um caso que vi, um<br />

número numa ficha. É difícil imaginar uma forma mais superficial de<br />

visitar uma exposição, com pressa, competição, e com um olhar só<br />

volta<strong>do</strong> para achar iconografia simples. Essa vontade de construir a<br />

apreciação da arte somente a partir <strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> e <strong>do</strong> banal é um<br />

<strong>do</strong>s grandes problemas da educação artística. Nesses casos, a arte é<br />

colocada como inimiga <strong>do</strong> público, assim como o público muitas<br />

vezes é pensa<strong>do</strong> como inimigo da arte.<br />

A grande pergunta, então, seria se é possível montar uma política de<br />

comunicação e educação a partir da arte mesma, mas uma política<br />

que se dirige ao público e não o afasta. Para isso, teríamos, em primeiro<br />

lugar, que acreditar mais na obra de arte não como container<br />

puro e perfeito de significa<strong>do</strong> no senti<strong>do</strong> modernista (no qual, bastaria<br />

pendurar quadros no espaço público para que a vida da humanidade<br />

ficasse melhor imediatamente), mas entenden<strong>do</strong> a arte como<br />

um processo pedagógico em si. Quero dizer que podemos pensar que<br />

as perguntas que uma obra gera são válidas e interessantes por si<br />

mesmas e que, se a obra está minimamente bem realizada, a própria<br />

obra pode encaminhar essas perguntas. Para atribuir essa responsabilidade<br />

de comunicação à obra de arte é preciso, no meu ponto de<br />

vista, certo cuida<strong>do</strong> com as condições em que a obra é vista. Na 6ª<br />

<strong>Bienal</strong>, a solução foi isolar as obras ao máximo na museografia, tentan<strong>do</strong><br />

dar a cada obra um espaço e tempo próprios. Tentamos limitar<br />

ao máximo a cacofonia que geralmente recebe o visitante de bienais<br />

ou feiras. Quan<strong>do</strong> há interação entre obras, como, por exemplo, na<br />

exposição Conversas – e porque os próprios artistas escolheram esse<br />

diálogo entre obras –, esse diálogo tem, também, seu próprio espaço.<br />

Essas miniexposições de Conversas, por exemplo, podem ser vistas<br />

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