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Arte e Educação - Fundação Bienal do Mercosul

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fragmento sonoro foi o de indagar acerca de como, nesse caso as<br />

crianças, construíam relação com um outro, com um outro “diferente”.<br />

Com essa perspectiva, apareciam em seus relatos algumas passagens<br />

muito interessantes. Por exemplo:<br />

“Encontramos uns extraterrestres que estavam <strong>do</strong>entes”. A professora lhes<br />

pergunta como são, e uma menina responde: “…nnnn, não são tããão<br />

feios, usam a roupa verde e a roupa não a compram, a têm de uns lugares<br />

que eles a tiram”. É igual que no hospital psiquiátrico: a roupa não a<br />

compram a “têm de uns lugares que eles a tiram”. Mas isso é algo que<br />

edito, é um recorte, uma posição de escuta que leva em conta critérios<br />

que pretendem situar-se como éticos e estéticos, e que o grupo relança.<br />

Atualmente, La Colifata TV tem um segmento de 10 minutos “ao vivo”,<br />

nas quartas-feiras, em um programa <strong>do</strong> canal 7, que é a televisão pública,<br />

aberta e com alcance nacional. Dois pacientes conduzem ao vivo<br />

esse segmento em que se apresentam diversas matérias realizadas por<br />

outros pacientes. A partir dessa plataforma comunicativa, se convocou<br />

os telespecta<strong>do</strong>res a ingressarem na página web de La Colifata e “baixar”<br />

da Internet o micro “La Colifata vai à escola” (assim foi chama<strong>do</strong><br />

esse segmento edita<strong>do</strong> em que os correspondentes falam de diferentes<br />

localidades. Uma mistura entre as gravações <strong>do</strong>s pacientes <strong>do</strong> hospital<br />

psiquiátrico e das crianças da escola). A proposta era que, quem quisesse,<br />

desenhasse e enviasse esse desenho para nós. Podiam ser ou<br />

desenhos e a edição seria feita por nós ou bem podia ser uma obra<br />

acabada. O que vamos compartilhar é o primeiro que nos enviaram. A<br />

telespecta<strong>do</strong>ra se chama Lula e fez uma animação em massa de modelar<br />

apoian<strong>do</strong>-se no áudio. Acho interessante o fato de que não destacou<br />

na sua edição aquilo que antes apontava: “A roupa não a compram…”;<br />

“…Eles estavam de um la<strong>do</strong> e a gente em outro…”. Ela criou uma nova<br />

série de senti<strong>do</strong>, fez a sua obra, multiplicou dramaticamente lançan<strong>do</strong><br />

ao infinito aquilo que a sua produção nos inspirasse. E é assim que<br />

esperamos continuar, com essa máquina produtora de comunidade, como<br />

bem apontou Marco Villela. Nessa arte de multiplicar senti<strong>do</strong>s e de<br />

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