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Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE<br />

ALCERI MARIA GOMES DA SILVA (1943-1970) e<br />

Número do processo: 060/96<br />

Data e local de nascimento: 25/05/1943, Cachoeira do Sul (RS)<br />

Filiação: Odila Gomes <strong>da</strong> Silva e Oscar Tomaz <strong>da</strong> Silva<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: VPR<br />

Data e local <strong>da</strong> morte: 17/05/1970, São Paulo (SP)<br />

Relator: Paulo Gustavo Gonet Branco<br />

Deferido em: 18/03/1996 por 5x2 (votos contra do general Oswaldo Pereira Gomes e João Grandino Ro<strong>da</strong>s)<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: 21/03/1996<br />

ANTÔNIO DOS TRÊS REIS DE OLIVEIRA (1948-1970)<br />

Número do processo: 068/96<br />

Filiação: Gláucia Maria de Oliveira e Argeu de Oliveira<br />

Data e local de nascimento: 19/11/1948, Tiros (MG)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: ALN<br />

Data e local <strong>da</strong> morte: 17/05/1970, São Paulo (SP)<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95<br />

Embora militantes de organizações clandestinas distintas, Alceri Maria Gomes <strong>da</strong> Silva e Antônio dos Três Reis de Oliveira foram mortos<br />

juntos, no dia 17/05/1970, em São Paulo. Ambos os nomes constam do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos, Alceri na lista de mortos e An-<br />

tonio como desaparecido, tendo seu nome integrado o Anexo <strong>da</strong> Lei nº 9.140/95.<br />

Alceri, gaúcha de Porto Alegre e afrodescendente, trabalhava no escritório <strong>da</strong> fábrica Michelletto, em Canoas, onde começou a participar do<br />

movimento operário e filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos. Em setembro de 1969, visitou sua família em Cachoeira do Sul para informar<br />

que estava de mu<strong>da</strong>nça para São Paulo, engaja<strong>da</strong> na luta contra o regime militar. Após sua morte, a família viveu um <strong>ver<strong>da</strong>de</strong>iro processo<br />

de desestruturação. O pai, desgostoso, morreu menos de um ano depois de saber, por um delegado de Canoas, que a filha fora morta em<br />

São Paulo. Uma de suas irmãs, Valmira, também militante política, não suportou a culpa que passou a sentir por ter permitido que a irmã<br />

saísse de sua casa. Suicidou-se ingerindo so<strong>da</strong> cáustica.<br />

Antônio era natural de Tiros, Minas Gerais. Fez o curso ginasial no Colégio Nilo Cairo e estu<strong>da</strong>va Economia na Facul<strong>da</strong>de de Apucarana. Foi<br />

membro <strong>da</strong> União Paranaense de Estu<strong>da</strong>ntes e produzia programas para a rádio local, junto com José Idésio Brianesi, também militante <strong>da</strong><br />

ALN. Foi processado por participar do 30º Congresso <strong>da</strong> UNE, em 1968, em Ibiúna (SP).<br />

Depoimento dos presos políticos de São Paulo denunciou a morte desses dois militantes por agentes <strong>da</strong> OBAN, chefiados pelo capitão Mau-<br />

rício Lopes Lima. Ambos foram enterrados no Cemitério de Vila Formosa e os corpos nunca foram resgatados, apesar <strong>da</strong>s tentativas feitas<br />

em 1991, a cargo <strong>da</strong> Comissão de Investigação <strong>da</strong> Vala de Perus. As modificações na quadra do cemitério, feitas em 1976, não deixaram<br />

registros de para onde foram os corpos <strong>da</strong>li exumados.<br />

Apesar <strong>da</strong> prisão ou morte de Antônio ter sido nega<strong>da</strong> pelas autori<strong>da</strong>des de segurança, no Relatório do <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> Aeronáutica de 1993 consta<br />

que ele morreu no dia 17/05/1970, no bairro do Tatuapé, em São Paulo, quando uma equipe dos órgãos de segurança averiguava a existência<br />

de um “aparelho”. Os documentos acerca de sua morte somente foram encontrados na pesquisa feita no IML/SP em 1991. Ali, foi localiza<strong>da</strong><br />

uma requisição de exame, assina<strong>da</strong> pelo delegado do DOPS Alcides Cintra Bueno Filho, determinando que o corpo somente fosse enterrado após<br />

a autorização do órgão. Os legistas João Pagenoto e Albeylard Queiroz Orsini assinaram a certidão de óbito, <strong>da</strong>ndo como causa <strong>da</strong> morte lesões<br />

traumáticas crânio-encefálicas, causa<strong>da</strong>s por um tiro que penetrou no olho direito e saiu pela nuca. Apesar <strong>da</strong> confirmação <strong>da</strong> morte após tantos<br />

anos de busca, seu nome continuou a fazer parte <strong>da</strong> lista de desaparecidos políticos por decisão <strong>da</strong> Comissão de Familiares.<br />

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