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Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE<br />

excluído por deserção. Viajou para o Uruguai, onde se asilou, tendo a família viajado ao seu encontro poucos meses depois. Lá ficaram em<br />

contato com Leonel Brizola e outros asilados. Em 1965, retornou ao Brasil clandestinamente, com o nome de João Paulo Martins, instalan-<br />

do-se na ci<strong>da</strong>de de Pau D’Alho, no Paraná.<br />

No dia 29/5/1972, foi morto por desconhecidos, em São Paulo (SP). O jornal Notícias Populares do dia seguinte divulgou que fora morto com<br />

quatro tiros, por quatro homens que saíram de um Volkswagen de armas em punho, tendo levado seus documentos, mas deixando intacto<br />

o dinheiro que portava. A imprensa divulgou também que, pelas características do crime e do morto, bem trajado e usando documentos<br />

falsos, deveria estar em São Paulo para algum encontro ilegal. Em seu bolso, a polícia paulista teria encontrado o endereço <strong>da</strong> família no Rio<br />

de Janeiro. Avisado, seu irmão Isaac Tavares Dias esteve na capital paulista para o reconhecimento do corpo, até então identificado como<br />

João Paulo Martins, tendo sido enterrado no Cemitério São Pedro.<br />

O primeiro requerimento apresentado <strong>à</strong> CEMDP não foi analisado, por ser intempestivo. Reapresentado após introdução de nova re<strong>da</strong>ção<br />

na Lei nº 9.140/95, que reabriu o prazo para novos pedidos, foram junta<strong>da</strong>s aos autos declarações do médico Almir Dutton Ferreira e de<br />

Liszt Benjamim Vieira, integrantes <strong>da</strong> VPR, presos políticos banidos do país por ocasião do seqüestro do embaixador <strong>da</strong> Alemanha no Brasil,<br />

em junho de 1970. Ambos testemunham ter militado na VPR com Paulo Guerra Tavares, a quem conheciam por Sargento Guerra, no Rio<br />

de Janeiro, durante o ano de 1969. Por esse nome também o conheceu o ex-marinheiro Avelino Capitani, durante o exílio no Uruguai, logo<br />

após o golpe militar.<br />

Estranhamente, a morte foi investiga<strong>da</strong> pelo DOPS, conforme relatório de 18/06/1973, assinado pelo investigador Amador Navarro Parra, que afir-<br />

ma ter feito investigações em Londrina, Rolândia, Ubiratã, Arapongas, Cascavel, Foz do Iguaçu, vila de Bananeira e outras vilas intermediárias. Diz<br />

que, com o nome de João Paulo Martins, o sargento Guerra exercera funções de dentista ambulante e vendedor autônomo, tendo grande prestígio<br />

em Rolândia. Identifica seus amigos e termina supondo, erraticamente, que o falecido estaria ligado ao PCBR, tendo sido indiciado em IPM por ser<br />

o tesoureiro <strong>da</strong> organização, onde era conhecido pelo nome de Souza, registrando também que seria ligado ao MR-8.<br />

Na CEMDP, o relator desse processo considerou que os fatos não apontavam para um crime de latrocínio, e sim para uma execução política,<br />

pratica<strong>da</strong> no auge <strong>da</strong> repressão política no Brasil, tendo a votação sido unânime a favor do deferimento do pedido, em 15/12/2004.<br />

GRENALDO DE JESUS DA SILVA (1941-1972)<br />

Número do processo: 049/02<br />

Filiação: Enei<strong>da</strong> Estela Silva e Gregório Napoleão Silva<br />

Data e local de nascimento: 17/4/1941, no Maranhão<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: não defini<strong>da</strong><br />

Data e local <strong>da</strong> morte: 30/5/1972, em São Paulo (SP)<br />

Relator: Maria Eliane Menezes de Farias<br />

Deferido em: 10/8/2004 por unanimi<strong>da</strong>de<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: 16/8/2004<br />

O maranhense Grenaldo de Jesus <strong>da</strong> Silva, tinha sido um dos 1509 marinheiros que foram expulsos <strong>da</strong> Arma<strong>da</strong> em abril de 1964. Foi morto<br />

em 30/5/1972, no Aeroporto de Congonhas (SP). Tentava seqüestrar um avião <strong>da</strong> Varig, que havia decolado para Curitiba, obrigando o piloto<br />

a retornar a São Paulo. Depois de ser negocia<strong>da</strong> a saí<strong>da</strong> de todos os passageiros e a maior parte dos tripulantes, a aeronave foi invadi<strong>da</strong> e<br />

Grenaldo morto. Agentes do DOI-CODI/SP relataram a vários presos políticos que se encontravam naquela uni<strong>da</strong>de de segurança as condi-<br />

ções em que tinham executado o seqüestrador.<br />

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