11.04.2013 Views

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE<br />

para prestar socorro. Não se sabe quem socorreu e transportou Luís Benevides e Miriam Verbena para o hospital. O depoente e o delegado<br />

dizem que foram os patrulheiros, mas não informaram os nomes deles. O patrulheiro que saiu do posto para o local do acidente só encontrou<br />

o carro. Os feridos já tinham sido retirados”.<br />

O relatório registra outros depoimentos levantando aspectos intrigantes como a forte presença de policiais no hospital para onde os corpos<br />

foram removidos, e principalmente, a informação de que a morte de Luís Alberto e Miriam ocorreu no bojo de uma seqüência de prisões<br />

de militantes do PCBR em Pernambuco.<br />

Os corpos foram enterrados no cemitério Dom Bosco, em Caruaru, com os nomes falsos de José Carlos Rodrigues e Miriam Lopes Rodrigues,<br />

nas covas de números de 1.538 e 1.139, respectivamente. Outro aspecto bastante misterioso está ligado <strong>à</strong> denuncia apresenta<strong>da</strong> em 1991<br />

pelo deputado estadual Jorge Gomes, na Assembléia Legislativa de Pernambuco, informando que dois anos após o enterro, as ossa<strong>da</strong>s ha-<br />

viam sido recolhi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> sepultura, encontrando-se desapareci<strong>da</strong>s desde então.<br />

O relator do processo na CEMDP recomendou indeferimento: “o fato é que não há uma evidência concreta de que as vítimas foram elimina-<br />

<strong>da</strong>s ou que estavam sob o domínio de agentes do poder público. Há dúvi<strong>da</strong>s, suspeitas, suposições. Tecnicamente, contudo, ain<strong>da</strong> não há uma<br />

hipótese indiciária que leve ao reconhecimento <strong>da</strong> Lei nº 9.140/95”.<br />

Em 2002, com a promulgação <strong>da</strong> Lei nº 10.559, a família de Luís Alberto entrou com novo processo na CEMDP, que seria novamente<br />

indeferido em 2005. O relator, entretanto, ponderou dessa vez que, “ante a notícia de desaparecimento dos despojos mortais, que ine-<br />

quivocamente haviam sido enterrados no Cemitério Dom Bosco, entendo que devemos adotar as providências necessárias e possíveis<br />

para a localização dos restos mortais de Luís Alberto e Miriam, e/ou para a punição dos responsáveis pelo desaparecimento, se doloso,<br />

desses restos mortais. Assim, voto no sentido de que dossiê selecionado com as principais peças destes autos seja encaminhado para:<br />

o senhor governador Jarbas Vasconcelos, <strong>à</strong> época dos fatos combativo deputado estadual, mencionado nos autos como autor de de-<br />

núncias de atroci<strong>da</strong>des ocorri<strong>da</strong>s durante o regime militar; e ao Dr. Francisco Sales de Albuquerque, dd. Procurador Geral <strong>da</strong> <strong>Justiça</strong> de<br />

Pernambuco. Acompanhando o dossiê deverá seguir ofício subscrito pelo presidente <strong>da</strong> CEMDP solicitando as providências necessárias<br />

para a recuperação dos restos mortais e punição dos responsáveis”. Os documentos foram encaminhados, mas nenhuma resposta foi<br />

envia<strong>da</strong> <strong>à</strong> CEMDP.<br />

EZEQUIAS BEZERRA DA ROCHA (1944-1972)<br />

Número do processo: 024/96<br />

Filiação: Antônia Bulhões Bezerra e Simplício Bezerra <strong>da</strong> Rocha<br />

Data e local de nascimento: 24/12/1944, João Pessoa (PB)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: acusado de aju<strong>da</strong>r o PCBR<br />

Data e local do desaparecimento: 11/3/1972, em Recife(PE)<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95<br />

Seu nome integra a lista anexa <strong>à</strong> Lei nº 9.140/95, tendo desaparecido em Recife (/PE). Foi preso em 11/3/1972, por ter emprestado a Miriam<br />

Verbena o veículo em que ela e Luís Alberto morreram três dias antes, no misterioso acidente rodoviário já abor<strong>da</strong>do neste livro-relatório.<br />

Nascido em João Pessoa e casado com Guilhermina Bezerra <strong>da</strong> Rocha, Ezequias fez o curso secundário no antigo colégio Estadual de Per-<br />

nambuco. Era geólogo, formado pela Universi<strong>da</strong>de Federal de Pernambuco em 1968, e se preparava para fazer pós-graduação em Geofísica<br />

na Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia. Antes de se graduar, tinha sido escriturário no City Bank. Já como geólogo, trabalhou na Itapassoca<br />

Agro-Industrial, na Itapicuru Agro-Industrial e na Profertil. Deu aulas de matemática no colégio de freiras de Socorro, em Pernambuco, e<br />

também lecionou Inglês. Ezequias era um opositor do regime militar, mas inúmeros depoimentos de amigos são taxativos em sustentar que,<br />

| 290 |

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!