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Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS<br />

e não os orifícios correspondentes ao tiro no crânio com que, na versão policial, teria se suici<strong>da</strong>do. Foram realiza<strong>da</strong>s novas exumações<br />

no Cemitério Dom Bosco, de Perus, até ser encontrado um corpo que correspondia <strong>à</strong>s características presentes no inquérito <strong>da</strong> morte de<br />

Luiz Eurico. O perito criminal que acompanhou a exumação foi o mesmo que, em 1972, esteve na pensão. O promotor designado, Rubens<br />

Marchi, na<strong>da</strong> investigou e foi ratifica<strong>da</strong> a conclusão de suicídio. As circunstâncias <strong>da</strong> morte de Luiz Eurico não foram restabeleci<strong>da</strong>s. As<br />

estruturas monta<strong>da</strong>s durante o regime militar ain<strong>da</strong> permaneciam intactas. Romeu Tuma era diretor do DOPS e respondeu aos ofícios do<br />

Juiz <strong>da</strong> 1ª Vara informando que o órgão na<strong>da</strong> tinha sobre o caso. Ain<strong>da</strong> era diretor do IML o legista Harry Shibata, que entregou o corpo <strong>à</strong><br />

família, trasla<strong>da</strong>do para Porto Alegre, em 2 de setembro de 1982, onde foi enterrado após receber homenagem na Assembléia Legislativa<br />

do Rio Grande do Sul.<br />

Em 1990, o depoimento de um morador <strong>da</strong> pensão ao repórter Caco Barcellos, para o programa Globo Repórter sobre a vala clan-<br />

destina do cemitério de Perus, contradisse a versão oficial, afirmando que Luiz Eurico fora assassinado e o suposto suicídio montado<br />

no quarto de pensão. Com a abertura dos arquivos do DOPS/SP, novos documentos foram localizados e, ao contrário do que informara<br />

Romeu Tuma ao juiz, um documento endereçado a ele, intitulado ‘Retorno dos Exilados’, <strong>da</strong>tado de 1978, se refere <strong>à</strong> morte de Luiz Eurico<br />

em setembro de 1972, o que comprova que o órgão sabia do que ocorrera com ele em <strong>da</strong>ta muito anterior <strong>à</strong> descoberta dos familiares. Foi<br />

através dessa mesma listagem que se tornou possível descobrir o destino e local de sepultamento de Ruy Carlos Vieira Berbert.<br />

Em 1994 a editora Tchê, em parceria com o Instituto Estadual do Livro/RS publicou o livro Condições Ideais para o Amor com poesias e<br />

cartas de Luiz Eurico.<br />

SEVERINO FERNANDES DA SILVA ( ? -1972)<br />

JOSÉ INOCÊNCIO BARRETO (1940-1972)<br />

Número do processo: 045/02<br />

Filiação: Cosma Laurin<strong>da</strong> de Lima e Manoel Inocêncio Barreto<br />

Data e local de nascimento: 16/10/1940, Esca<strong>da</strong> (PE)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: sindicalista rural<br />

Data e local <strong>da</strong> morte: 05/10/1972, Esca<strong>da</strong> (PE)<br />

Relator: Maria Eliane Menezes de Farias<br />

Deferido em: 01/12/2004 por unanimi<strong>da</strong>de<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: 07/12/2004<br />

O camponês e líder sindical rural José Inocêncio Barreto era casado com Noemia Maria Barreto e tinha três filhos. Foi morto a tiros por<br />

agentes do DOPS/PE, em 05/10/1972 no Engenho Matapiruna, na ci<strong>da</strong>de de Esca<strong>da</strong> (PE). Seu nome constava no Dossiê dos Mortos e Desa-<br />

parecidos como José Inocêncio Pereira, a partir de denúncia apresenta<strong>da</strong> pela CNBB, divulga<strong>da</strong> em nota oficial emiti<strong>da</strong> pela Arquidiocese<br />

de Olin<strong>da</strong> e Recife.<br />

Relatório do DOPS/PE informa que forças de segurança foram ao município de Esca<strong>da</strong> para efetuar a prisão de Luiz Inocêncio Barreto,<br />

conhecido na região por ‘Luiz Carneiro’, irmão de José Inocêncio, e de outro trabalhador citado apenas como Anselmo. Anselmo foi detido<br />

e os oficiais foram em busca de Luiz Inocêncio no Engenho Matapiruna de Baixo. Na versão oficial constante do inquérito, os policiais do<br />

DOPS afirmam que os irmãos Barreto teriam reagido com golpes de foice <strong>à</strong> prisão.

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