11.04.2013 Views

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

1975<br />

HIRAN DE LIMA PEREIRA (1913 – 1975)<br />

Número do processo: 294/96<br />

Filiação: Maria Marieta de Lima Pereira e Hilário Amâncio Pereira<br />

Data e local de nascimento: 03/10/1913, Caicó (RN)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: PCB<br />

Data e local do desaparecimento: 15/01/1975, São Paulo (SP)<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95<br />

| 395 |<br />

COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS<br />

Nascido em Caicó, no sertão do Seridó, Rio Grande do Norte, esse dirigente do PCB também integra a lista de desaparecidos políticos anexa<br />

<strong>à</strong> Lei nº 9.140/95. Além de militante comunista, trabalhou como jornalista e também desenvolveu ativi<strong>da</strong>des teatrais. Era casado com Célia<br />

Pereira e pai de quatro filhas.<br />

Foi preso pela primeira vez no Rio de Janeiro, após a insurreição dirigi<strong>da</strong> pela ANL – Aliança Nacional Libertadora, em 1935, permanecendo<br />

cerca de um ano na prisão. Dez anos mais tarde, com a derruba<strong>da</strong> do Estado Novo, foi eleito deputado pelo Partido Comunista no Rio Grande<br />

do Norte. Logo em segui<strong>da</strong>, o partido foi declarado ilegal e Hiran teve o man<strong>da</strong>to parlamentar cassado.<br />

Mudou-se para Recife, em 1949, passando a trabalhar como re<strong>da</strong>tor do jornal Folha do Povo, órgão oficial do partido. Assumiu o posto<br />

de vogal numa <strong>da</strong>s Juntas de Conciliação <strong>da</strong> <strong>Justiça</strong> do Trabalho sedia<strong>da</strong> na capital pernambucana. Ao lado de David Capistrano <strong>da</strong> Costa,<br />

Gregório Bezerra, Paulo Cavalcanti e outros líderes comunistas, engajou-se ativamente na construção <strong>da</strong> Frente do Recife, que conquistou<br />

a prefeitura em 1955 com o engenheiro Pelópi<strong>da</strong>s Silveira, cujo sucessor foi Miguel Arraes, eleito prefeito <strong>da</strong> capital em 1959 e governador<br />

em 1962. Hiran foi secretário municipal de Administração por três man<strong>da</strong>tos consecutivos.<br />

Em agosto de 1961, durante a crise <strong>da</strong> renúncia de Jânio Quadros, mesmo estando no exercício pleno desse cargo, foi seqüestrado por<br />

agentes do IV Exército, juntamente com David Capistrano e outros dirigentes comunistas, desaparecendo por dez dias até ser levado para<br />

a ilha de Fernando de Noronha. Após sair <strong>da</strong> prisão, retornou <strong>à</strong>s funções de secretário do Executivo Municipal de Recife e atuou como ator<br />

do grupo profissional Teatro Popular do Nordeste, na peça A Pena e a Lei, de Ariano Suassuna, com direção de Ermilo Borba Filho.<br />

Após o Golpe de Estado de 1964, a esposa Maria Cecília e a filha Sacha Lídice Pereira foram deti<strong>da</strong>s por agentes do IV Exército em sua<br />

casa, permanecendo presas no Regimento de Obuses de Olin<strong>da</strong>. Hiran permaneceu atuando clandestinamente em Recife até 1966, quando<br />

se transferiu para o Rio de Janeiro e, posteriormente, para a ci<strong>da</strong>de de São Paulo. Teve os seus direitos políticos cassados em 20/02/1967.<br />

Até 1975 participou <strong>da</strong>s ações do PCB na clandestini<strong>da</strong>de, como membro de seu Comitê Central e do jornalismo partidário. Seus familiares<br />

sabiam que, nesse período, ele usava o nome de José Vanildo de Almei<strong>da</strong>, identi<strong>da</strong>de de um parente já falecido.<br />

O último contato com a família ocorreu no início de 1975. Ele chegou a marcar três pontos alternativos para encontros nos dias 13, 15 e<br />

17/01/1975, mas não compareceu a nenhum deles. Sua esposa foi presa no dia 15/01/1975 e permaneceu nas dependências do DOI-CODI<br />

<strong>da</strong> rua Tutóia, em São Paulo, sendo tortura<strong>da</strong> por três dias, enquanto agentes do órgão permaneceram na casa de sua filha Zodja. Pela forma<br />

como foi conduzido o interrogatório, a esposa chegou <strong>à</strong> conclusão de que Hiran fora morto na mesma ocasião. Célia conta que chegou a<br />

vislumbrar, entre as várias pessoas conduzi<strong>da</strong>s <strong>à</strong>s sessões de torturas, um homem encapuzado com características físicas que lhe pareceram<br />

ser de Hiran. Cerca de um mês depois, duas filhas de Hiran, Zodja e Sacha, foram presas e interroga<strong>da</strong>s encapuza<strong>da</strong>s no DOI-CODI.<br />

Em 06/03/1975, os advogados Maria Luiza Flores <strong>da</strong> Cunha Bierrenbach e José Carlos Dias, que seria posteriormente ministro <strong>da</strong> <strong>Justiça</strong>, en-<br />

traram com petição na 1ª Auditoria <strong>da</strong> 2ª Circunscrição Judiciária Militar tentando localizar seu paradeiro e a esposa, Célia Pereira escreveu<br />

carta-denúncia, no dia 12 do mesmo mês, apelando <strong>à</strong> Comissão <strong>Justiça</strong> e Paz <strong>da</strong> Arquidiocese de São Paulo nos seguintes termos:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!