11.04.2013 Views

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE<br />

seria pasto <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> de proprie<strong>da</strong>de do Sr. Antônio Costa. A cabeça foi entregue a um oficial do Exército, que a levou para a base de São<br />

Raimundo”. O livro de Hugo Stu<strong>da</strong>rt acrescenta que o corpo de Jaime Petit teria sido deixado insepulto, coberto por palha de coqueiro.<br />

ANTÔNIO GUILHERME RIBEIRO RIBAS (1946–1973)<br />

Número do processo: 102/96<br />

Filiação: Benedicta de Araújo Ribeiro Ribas e Walter Scheiba Pinto Ribas<br />

Data e local de nascimento: 20/09/46, São Paulo (SP)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: PCdoB<br />

Data do desaparecimento: a partir de 28/11/1973<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95<br />

Ribas nasceu e estudou em São Paulo, sendo obrigado a interromper seus estudos no último ano do ensino médio, no Colégio Estadual<br />

Basílio Machado, na Vila Ma<strong>da</strong>lena. Foi presidente <strong>da</strong> União Paulista dos Estu<strong>da</strong>ntes Secun<strong>da</strong>ristas (UPES) em 1967 e, no ano seguinte,<br />

seria provavelmente eleito presidente <strong>da</strong> UBES – União Brasileira dos Estu<strong>da</strong>ntes Secun<strong>da</strong>ristas. Foi detido pelo DOPS, juntamente com<br />

a ex-presidente <strong>da</strong> União Estadual dos Estu<strong>da</strong>ntes de São Paulo, Catarina Meloni, durante manifestação contra a presença do presidente<br />

Costa e Silva em soleni<strong>da</strong>de pelo Dia <strong>da</strong> Independência, 7 de setembro. Foi libertado mediante habeas-corpus uma semana antes de ser<br />

novamente detido, em Ibiúna, no 30º Congresso <strong>da</strong> UNE. Condenado pela 2ª Auditoria do Exército, de São Paulo, em setembro de 1969,<br />

a um ano e seis meses de prisão, passou por várias uni<strong>da</strong>des prisionais: Tiradentes (duas vezes), Delegacia de Polícia <strong>da</strong> Rua 11 de Junho<br />

(Vila Mariana), Quartel do Batalhão de Caçadores (São Vicente), Forte de Itaipu (Praia Grande), Casa de Detenção de São Paulo e Quartel de<br />

Quitaúna (Osasco). Nesse período, seus parentes sofreram violências e abusos por parte dos policiais.<br />

Libertado em abril de 1970, passou a morar em Duque de Caxias, na Baixa<strong>da</strong> Fluminense, continuando com sua militância clandestina no<br />

PCdoB. Ao final do ano, mudou-se para a região do Gameleira, no Araguaia. Antes, teve um último encontro com o irmão. A família, porém,<br />

só voltaria a ter notícias suas em 1973, através de Francisco Romanini, detido pela OBAN, que ouvira falar de suas ativi<strong>da</strong>des na guerrilha.<br />

Em 1975, julgado <strong>à</strong> revelia, foi absolvido.<br />

O relatório apresentado pelo <strong>Ministério</strong> do Exército, em 1993, registra que “Antônio Ribas, durante encontro com uma patrulha na região do Araguaia,<br />

conseguiu evadir-se, abandonando documentos nos quais usava o nome falso de José Ferreira <strong>da</strong> Silva”. Mais adiante o relatório informa: “teria morrido<br />

em confronto com as forças de segurança”. Esse relato se aproxima <strong>da</strong>s informações do relatório Arroyo, onde consta que no dia 28 ou 29 de novembro<br />

de 1973, ao se encontrarem com uma patrulha do Exército, “Jaime (Jaime Petit <strong>da</strong> Silva) e Ferreira (Antonio Guilherme Ribeiro Ribas) ficaram desligados<br />

do grupo”. Já o relatório <strong>da</strong> Marinha registra a informação equivoca<strong>da</strong> de que teria morrido, “em 20 de fevereiro de 1973”.<br />

No livro de Taís Morais e Eumano Silva, há uma passagem relatando movimentos dos guerrilheiros em 26/12/1973, dia seguinte ao ma-<br />

ciço ataque sofrido pela Comissão Militar no dia anterior, que reitera a indicação de que Ribas não mantinha qualquer contato com seus<br />

companheiros desde a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> morte de Adriano Fonseca Filho (provavelmente em 28 ou 29/11/1973). Já no livro de Hugo Stu<strong>da</strong>rt, A Lei <strong>da</strong><br />

Selva, que se apóia em informações de um dossiê produzido por militares que atuaram na repressão <strong>à</strong> guerrilha, o autor escreve que Ribas<br />

teria morrido três dias antes de Jaime Petit: “Depois de Ari, os militares apanharam Adriano Fonseca Fernandes Filho, o Chico, também do<br />

Destacamento C. Morreu a 3 de dezembro de 1973, segundo o Dossiê. Em vez de transportar o corpo, desta vez os militares levaram somente<br />

a cabeça para identificação. Antonio Guilherme Ribeiro Ribas, o Ferreira, do Destacamento B, foi abatido duas semanas depois na área dos<br />

pára-quedistas. Com mais três dias, em 22 de dezembro, na locali<strong>da</strong>de Grota do Cajá, morreria Jaime Petit <strong>da</strong> Silva, o Jaime, do Destacamento<br />

C. Os militares também lhe cortaram a cabeça para identificação”. Em nota de pé de página, Stu<strong>da</strong>rt registra precisamente a <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> morte<br />

de Ribas em 19/12/1973, mas ressalva que, segundo anotações pessoais de um militar, ela teria ocorrido no dia 22.<br />

Seus parentes investigaram o caso em parceria com o Comitê Brasileiro pela Anistia, de São Paulo, com o objetivo de encontrar o corpo e<br />

esclarecer a <strong>ver<strong>da</strong>de</strong>. Para isso, Dalmo Ribas esteve no Quartel general do 2° Exército, no Ibirapuera, para fazer contato com o coman<strong>da</strong>nte,<br />

| 226 |

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!