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Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADE<br />

MARCOS JOSÉ DE LIMA (1947–1973)<br />

Número do processo: 050/96<br />

Filiação: Luzia D’Assumpção Lima e Sebastião José de Lima<br />

Data e local de nascimento: 03/11/1947, Nova Venécia (ES)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: PCdoB<br />

Data do desaparecimento: entre 20 e 26/12/1973<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95<br />

Capixaba de Nova Venécia, operário e ferreiro de profissão, mudou-se, em 1970, já como militante do PCdoB para a região do Araguaia,<br />

fixando-se na locali<strong>da</strong>de de Chega Com Jeito, onde trabalhava consertando armas e ficou conhecido como Zezinho Armeiro ou Ari. Foi visto<br />

por seus companheiros, pela última vez, em 20/12/1973, próximo a um depósito de mantimentos. Conforme o relatório Arroyo, “J. decidiu<br />

enviar Ari (Marcos José de Lima) e Mané para apanhar farinha num depósito próximo. Mané ficou aguar<strong>da</strong>ndo Ari a uma certa distância.<br />

Como Ari demorasse, Joca, que havia chegado, foi até o depósito e não encontrou o Ari. No local do depósito estava apenas o saco plástico<br />

que Ari havia levado para trazer a farinha. A impressão que se teve é que ele fugiu, pois não apareceu nem no acampamento, nem nas refe-<br />

rências.(20/12/73)”.<br />

As fichas entregues ao jornal O Globo em 1996 informam que ele era o armeiro <strong>da</strong> Guerrilha, conhecia os depósitos e oficinas <strong>da</strong> Comissão<br />

Militar e foi preso na Transamazônica, em 26 Dez 73, “após haver desertado”.<br />

OS CHOQUES DE 25 A 31 DE DEZEMBRO DE 1973<br />

Na manhã de 25/12/1973, dia de Natal, a guerrilha sofreu o seu<br />

maior golpe com um ataque devastador <strong>à</strong> Comissão Militar (CM),<br />

que resultou na prisão e morte de um número incerto de militantes,<br />

incluindo o dirigente máximo do PCdoB na área, Maurício Grabois,<br />

e pelo menos mais três guerrilheiros: Gilberto Olímpio Maria,<br />

Paulo Mendes Rodrigues e Guilherme Gomes Lund.<br />

Segundo o Relatório Arroyo, “quando já estavam a mais ou<br />

menos um quilômetro do acampamento, <strong>à</strong>s 11h25min <strong>da</strong> manhã,<br />

ouviram cerrado tiroteio. Encontraram-se logo depois com<br />

Áurea e Peri, que vinham apanhá-los para o acampamento. Os<br />

dois afirmaram que o tiroteio tinha sido no rumo do acampamento.<br />

Cinco minutos depois do tiroteio, dois helicópteros e um<br />

avião começaram a sobrevoar a área onde houvera o tiroteio, e<br />

continuaram durante todo o dia nessa operação. Dois helicópteros<br />

grandes fizeram duas viagens - <strong>da</strong> base do Mano Ferreira,<br />

a uns cinco ou seis quilômetros, até o local do tiroteio. Tinhase<br />

a impressão de que ou estavam levando mais tropas ou retirando<br />

mortos e feridos do local. J. e seus companheiros (eram<br />

oito) afastaram-se do local mais ou menos um quilômetro. No<br />

dia seguinte, 26, foram a uma referência para encontro, num local<br />

próximo. Aí encontraram os companheiros Osvaldo, Lia (Telma<br />

Regina Cordeiro Corrêa), Batista (Uirassú de Assis Batista)<br />

e Lauro. (...) Em poder do camara<strong>da</strong> Mário, responsável <strong>da</strong> CM,<br />

havia uma espécie de diário, onde ele anotou os principais fatos<br />

e as medi<strong>da</strong>s adota<strong>da</strong>s na guerrilha, desde o seu início. Estas<br />

anotações são <strong>da</strong> maior importância, refletem as opiniões do<br />

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comando em diferentes ocasiões. Com Mário encontravam-se<br />

também cópias de todos os materiais editados, assim como os<br />

hinos, poesias. (...)<br />

Osvaldo informou o seguinte: que o grosso <strong>da</strong> força havia acampado<br />

dia 24, mas percebeu que estava perto <strong>da</strong> estra<strong>da</strong>. Dia 25, pela<br />

manhã, afastaram-se para uns cem metros de onde se achavam,<br />

designando alguns companheiros para limpar (camuflar) o local<br />

em que estiveram. Os membros <strong>da</strong> CM e sua guar<strong>da</strong> ficaram num<br />

ponto mais alto do terreno, e os demais ficaram na parte de baixo.<br />

Na hora do tiroteio havia 15 companheiros no acampamento:<br />

Mário (Maurício Grabois), Paulo (Paulo Mendes Rodrigues), Pedro<br />

(Gilberto Olímpio Maria), Joca (Libero Giancarlo Castiglia), Tuca,<br />

Dina (Dinalva Oliveira Teixeira) (com febre), Luís (Guilherme Gomes<br />

Lund) (com febre), na parte alta; embaixo: Zeca, Lourival, Doca e<br />

Raul (Antônio Theodoro de Castro) (estavam ralando coco babaçu<br />

para comer). Lia (Telma Regina Cordeiro Corrêa) e Lauro (Custódio<br />

Saraiva Neto) faziam guar<strong>da</strong>. Osvaldo e Batista (Uirassu) realizavam<br />

a camuflagem”.<br />

Matéria publica<strong>da</strong> no Jornal do Brasil, em 24/03/1992 trouxe o<br />

relato de um militar – não identificado – que declara ter participado<br />

do ataque ao acampamento de Grabois no dia de Natal.<br />

Segundo a matéria, “(...) Uma patrulha com 15 sol<strong>da</strong>dos armados<br />

com metralhadoras e fuzis, lidera<strong>da</strong> pelo capitão Sebastião de<br />

Moura Rodrigues, o Curió, do CIE conseguiu descobrir o local que<br />

Maurício Grabois havia escolhido. (...) Centenas de tiros de me-

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