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Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS<br />

todos com os olhos ven<strong>da</strong>dos, saíssem do avião e an<strong>da</strong>ssem cinco passos em direção ao rio, com as mãos na cabeça. Em segui<strong>da</strong>, centenas<br />

de tiros foram disparados contra eles. Foi horroroso: as cabeças dos guerrilheiros ficaram totalmente destruí<strong>da</strong>s, cheias de miolos e sangue<br />

exposto – lembrou Vanu, ressaltando que desta vez os próprios sol<strong>da</strong>dos enterraram os corpos em valas próximas <strong>à</strong> cabeceira do rio, onde<br />

hoje fica o lote de Antônio Branco”<br />

Outros depoimentos indicam que Du<strong>da</strong> teria sido morto em bombardeio no castanhal Brasil-Espanha, onde seus restos mortais estariam<br />

enterrados, versão corrobora<strong>da</strong> por Pedro Moraes <strong>da</strong> Silva, que informou ter conhecido Du<strong>da</strong>: “cujo corpo foi jogado em castanhal na Região<br />

Gameleira, que hoje é a Fazen<strong>da</strong> Brasil-Espanha, que viu Du<strong>da</strong>, quando passou em frente <strong>da</strong> casa do Vanu no tempo em que o declarante lá<br />

morava, amarrado e seguido por mais ou menos 20 sol<strong>da</strong>dos do Exército, far<strong>da</strong>dos; que os pulsos de Du<strong>da</strong> já estavam sem pele em razão <strong>da</strong>s<br />

cor<strong>da</strong>s que o amarravam; que reconheceu a ossa<strong>da</strong> de Du<strong>da</strong>, em virtude <strong>da</strong> camisa estica<strong>da</strong> em cima de uma árvore e pelos ossos <strong>da</strong> perna que<br />

eram compridos por ser Du<strong>da</strong> muito alto; que o declarante pegou no crânio e viu um buraco de bala no meio <strong>da</strong> testa”.<br />

Outro depoimento registra que Luiz René teria sido preso na casa de um camponês em São Geraldo. Agenor Moraes <strong>da</strong> Silva, também ex-guia do<br />

Exército, testemunha que “Du<strong>da</strong> foi pego na região do Chega com Jeito; (...) viu o Du<strong>da</strong> preso, algemado, dentro de uma sala; que o Du<strong>da</strong> foi levado<br />

para a mata, porque descobriram que ele teria um encontro com a Cristina (...) que o declarante ficou sabendo que a Cristina foi morta naquele dia;<br />

que viu Du<strong>da</strong> sentado no Bacaba, que estava numa sala, com as mãos algema<strong>da</strong>s para trás; que um empregado do restaurante do Bacaba disse que<br />

iriam levar o Du<strong>da</strong> ao encontro de Cristina e outros guerrilheiros, já que os guerrilheiros tinham encontro marcado entre eles de 15 em 15 dias, para<br />

planejar novas ações. Manoel Leal de Lima, o Vanu, também declara que chegou a ver presos o Piauí, o Du<strong>da</strong> e o Pedro Carretel; que esses três foram<br />

transformados em guia; que esses três foram mortos no final <strong>da</strong> guerra no Bacaba; que o depoente acompanhou a equipe mas se separou antes deles<br />

serem mortos, só ouviuos tiros e uns quinze dias depois viu os corpos numa toca”.<br />

O Relatório do <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> Marinha, apresentado em 1993 ao ministro <strong>da</strong> <strong>Justiça</strong> Maurício Corrêa, registra que Luiz René foi morto em<br />

combate, em Xambioá, em março de 1974.<br />

JOSÉ LIMA PIAUHY DOURADO (1946–1973)<br />

Número do processo: 228/96<br />

Filiação: Anita Lima Piauhy Dourado e Pedro Piauhy Dourado<br />

Data e local de nascimento: 24/03/1946, Barreiras (BA)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: PCdoB<br />

Data do desaparecimento: 24 ou 25/01/1974<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95<br />

Baiano de Barreiras, fotógrafo, estudou no Colégio Padre Vieira e mudou-se para Salvador em 1960, onde cursaria a Escola Técnica Federal<br />

<strong>da</strong> Bahia. Em 1968 teve discreta participação no Movimento Estu<strong>da</strong>ntil e ligou-se nesse mesmo ano ao PCdoB, mesmo partido de seu irmão<br />

mais velho Nelson, também desaparecido no Araguaia. Em agosto de 1971 foi deslocado para aquela região, morando inicialmente próximo<br />

<strong>à</strong> Transamazônica. Integrou o Destacamento A <strong>da</strong> guerrilha e pertenceu <strong>à</strong> guar<strong>da</strong> <strong>da</strong> Comissão Militar, sendo conhecido como Zé Baiano.<br />

Segundo o relatório Arroyo, “foi visto pela última vez, junto com Cilon quando tentavam encontrar o Jaime e o Ribas, que haviam se perdido<br />

em 28 ou 29/11/73, próximo <strong>da</strong> Grota do Nascimento, depois de descobertos pela repressão, quando Adriano foi morto”. Segundo depoimen-<br />

tos de moradores <strong>da</strong> região, ele levou um tiro na cabeça durante embosca<strong>da</strong> do Exército, sendo enterrado na locali<strong>da</strong>de de Formiga.<br />

Consta no relatório <strong>da</strong> Marinha, apresentado em 1993 ao ministro <strong>da</strong> <strong>Justiça</strong>, uma anotação de novembro de 1974 informando que teria<br />

sido morto em 24 de janeiro <strong>da</strong>quele ano. Nas fichas entregues ao jornal O Globo, em 1996, consta a anotação de que foi preso em 25 de<br />

janeiro de 1974 e morto na mesma <strong>da</strong>ta.

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