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Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS<br />

afirmasse que Israel fora detido em 15/11/1964, próximo <strong>à</strong> Central do Brasil, pelo mesmo policial que o prendera em Salvador, e por<br />

mais quatro agentes.<br />

Houve pedido de vistas ao processo e foi realiza<strong>da</strong> diligência para reunir provas a favor do pedido <strong>da</strong> família de Israel. No Arquivo Público do Rio de<br />

Janeiro, onde estão as fichas do extinto DOPS, foram encontrados documentos referentes a ele: um relatório de 18/5/1955, expedido pela polícia per-<br />

nambucana, afirmando que Israel era um dos principais dirigentes comunistas do Comitê Municipal de Salvador; documento com <strong>da</strong>ta de 13/9/1957<br />

fazendo referência ao relatório de 18/5/1955, <strong>da</strong> polícia pernambucana. E, por último, documento de 23/2/1958, que afirmava a existência de um<br />

relatório de janeiro de 1957, <strong>da</strong> polícia de Pernambuco, sobre o militante comunista e membro dirigente do Comitê Municipal de Salvador.<br />

No parecer, o revisor indicou que os documentos mostram que Israel continuou trabalhando no jornal O Momento e militando no PCB,<br />

sendo vigiado pela polícia política. Levou também em consideração as declarações de algumas pessoas, entre elas a professora Sônia de<br />

Alencar Serra, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal <strong>da</strong> Bahia, que serviram para comprovar a militância de Israel no PCB depois de 1953. Colheu, ain<strong>da</strong>,<br />

o depoimento de um capitão-de-fragata, amigo de um colega do requerente, informando que, na época, a pedido de seu amigo, buscou<br />

informações sobre Israel e que ele não teria sido preso pela Marinha, Exército ou Aeronáutica, e sim pela polícia política <strong>da</strong> Bahia, que<br />

informou ao DOPS do Rio que faria uma diligência no estado para prender Israel. Esse depoente dá como <strong>da</strong>ta <strong>da</strong> prisão “2º semestre de<br />

1967”. A CEMDP seguiu o voto pelo deferimento do pedido.<br />

DIVO FERNANDES DE OLIVEIRA (1895-1965)<br />

Número do processo: 192/96<br />

Filiação: Thamasia Bernar<strong>da</strong> de Jesus e João Tomaz de Oliveira<br />

Data e local de nascimento: 3/01/1895, Tubarão (SC)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: PCB<br />

Data e local do desaparecimento: 1964/1965, Rio de Janeiro (RJ)<br />

Relator: Nilmário Miran<strong>da</strong><br />

Deferido em: 14/05/1996 por unanimi<strong>da</strong>de<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: 17/05/1996<br />

Catarinense de Tubarão, antigo militante do PCB e taifeiro <strong>da</strong> Marinha, participou, no Rio de Janeiro, do polêmico comício <strong>da</strong> Central do<br />

Brasil, dia 13 de março de 1964, quando Jango anunciou o desencadeamento <strong>da</strong>s chama<strong>da</strong>s Reformas de Base. Logo depois do Golpe de<br />

Estado, Divo foi preso, aos 69 anos de i<strong>da</strong>de, e levado para o presídio Lemos Brito.<br />

Sua esposa, Nayde Medeiros, professora em Criciúma (SC), chegou a visitá-lo uma vez. Ao retornar ao Rio para nova visita, descobriu que seu<br />

marido havia desaparecido. Recebeu informações desencontra<strong>da</strong>s dos funcionários do presídio. Uns diziam que ele havia fugido outros, que fora<br />

transferido para o presídio Bangu I. Nayde visitou to<strong>da</strong>s as prisões e cemitérios, escreveu <strong>à</strong>s autori<strong>da</strong>des, mas nunca recebeu respostas, nem certi-<br />

dão de óbito, nem o corpo, nem explicação alguma. Em abril de 1965, foram localizados alguns pertences de Divo no Departamento do Sistema Pe-<br />

nitenciário (DESIP) do Rio de Janeiro. A CEMDP não conseguiu estabelecer se o desaparecimento ocorreu no final de 1964 ou no início de 1965.<br />

A filha de Divo, Alba Valéria, começou a procurar o pai depois de adulta. Em 1989, esteve no Rio de Janeiro visitando várias repartições<br />

públicas e presídios. Uma funcionária do DESIP localizou uma pasta, número 21.426, onde havia o nome de Divo Fernandes D’Oliveira. Na<br />

pasta, Alba encontrou alguns documentos pessoais e na<strong>da</strong> mais.<br />

Conforme as declarações de Jorge Feliciano, ex-militante do PCB e ex-presidente do Sindicato dos Mineiros de Criciúma, e de Amadeu Luz,<br />

dirigente do PCB em Criciúma e em Santa Catarina, Divo deve ter sido morto na prisão Lemos Brito, no Rio de Janeiro. O corpo nunca foi<br />

entregue <strong>à</strong> família. Com base nos depoimentos e na carta envia<strong>da</strong> por Nayde ao marido na prisão (em resposta <strong>à</strong> carta dele), o relator <strong>da</strong><br />

CEMDP votou pelo deferimento do pedido, sendo acompanhado por todos os integrantes do colegiado em seu voto.

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