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Direito à memória e à verdade - Ministério da Justiça

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOS<br />

Em meados de 1973, Jayme foi enviado <strong>à</strong> União Soviética para tratamento de saúde, de onde retornou pouco antes de ser preso e desapa-<br />

recer. Nessa época, devido <strong>à</strong>s várias prisões ocorri<strong>da</strong>s no alto comando do PCB, o partido já decidira pela sua saí<strong>da</strong> definitiva do país. No<br />

entanto, em 04/02/1975, Miran<strong>da</strong> deixou sua casa no Catumbi, beijou o pai e irmã, que tinham vindo de Maceió para visitá-lo, e nunca<br />

mais foi visto.<br />

O irmão de Jayme, o jornalista Haroldo Amorim de Miran<strong>da</strong>, em entrevista para o livro Desaparecidos Políticos, organizado por Reinaldo<br />

Lapa e Ronaldo Cabral, apresentou uma primeira hipótese sobre o desfecho e desaparecimento do corpo: “de acordo com informações fil-<br />

tra<strong>da</strong>s nos subterrâneos <strong>da</strong> resistência comunista, junto com outros presos igualmente torturados em São Paulo, Jayme teria sido jogado de<br />

um avião militar a 200 milhas <strong>da</strong> costa, no Oceano Atlântico”.<br />

Atlântico”<br />

Jayme foi julgado <strong>à</strong> revelia na 2ª Auditoria <strong>da</strong> Marinha em setembro de 1978, juntamente com outras pessoas ti<strong>da</strong>s como desapareci<strong>da</strong>s,<br />

acusa<strong>da</strong>s de reorganizar o PCB: Orlando Bomfim, Luiz Inácio Maranhão, Hiran de Lima Pereira e Élson Costa. O Relatório do <strong>Ministério</strong> do<br />

Exército, apresentado em 1993 ao ministro <strong>da</strong> <strong>Justiça</strong> Maurício Corrêa, informa apenas que Jayme “esteve em Moscou e seu nome aparece<br />

numa lista de brasileiros que passaram pelo aeroporto de Orly, em Paris, com destino aos países do leste europeu, em 1974. Usava o nome fal-<br />

so de Juarez Amorim <strong>da</strong> Rocha”. Rocha” Já o Relatório do <strong>Ministério</strong> <strong>da</strong> Marinha, do mesmo ano, registra que, com <strong>da</strong>ta de agosto de 1979, “figurou<br />

em uma relação do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio de Janeiro cassados pelo AI 1, 2 e 5 e desaparecido depois de ter sido preso<br />

(Relação s/n de 20/08/79 - CAM-DEP)”.<br />

CAM-DEP)”<br />

Na já cita<strong>da</strong> entrevista que o ex-agente do DOI-CODI/SP Marival Chaves concedeu <strong>à</strong> revista Veja de 18/11/1992, o jornalista Expedito Filho faz a<br />

pergunta: “Voltando ao rio de Avaré. O senhor falou em oito nomes, mas contou só sei”. sei” E obtém como resposta: “Um é Jayme Amorim de Miran<strong>da</strong>,<br />

também preso na Operação Ra<strong>da</strong>r, numa <strong>da</strong>s incursões do DOI de São Paulo ao Rio. Foi transferido para Itapevi. Seu irmão Nilson Miran<strong>da</strong>, que era<br />

secretário-geral do PCB de Porto Alegre, estava preso no Ipiranga. Um não sabia onde estava o outro. O Nilson sobreviveu”.<br />

O jornalista Elio Gaspari também registra, em A Ditadura Encurrala, que Jayme teria sido visto no DOPS de São Paulo e que foi assassinado<br />

no aparelho do CIE em Itapevi.<br />

NESTOR VERA (1915 – 1975)<br />

Número do processo: 212/96<br />

Filiação: Pillar Velasques e Manoel Vera<br />

Data e local de nascimento: 19/07/1915, Ribeirão Preto (SP)<br />

Organização política ou ativi<strong>da</strong>de: PCB<br />

Data e local do desaparecimento: abril de 1975, Belo Horizonte (MG)<br />

Data <strong>da</strong> publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95<br />

Desaparecido em abril de 1975 em frente a uma drogaria de Belo Horizonte, conforme denúncia formulado pelo dirigente máximo do PCB,<br />

Luís Carlos Prestes, seu nome integra a lista de desaparecidos políticos anexa <strong>à</strong> Lei nº 9.140/95. Paulista de Ribeirão Preto, Nestor era de<br />

origem camponesa e se casou, em 1938, com Maria Miguel Dias, com quem tinha cinco filhos. Foi Secretário Geral <strong>da</strong> União dos Lavradores<br />

e Trabalhadores Agrícolas do Brasil (ULTAB) e tesoureiro <strong>da</strong> primeira diretoria <strong>da</strong> Confederação Nacional dos Trabalhadores <strong>da</strong> Agricultura,<br />

quando essa enti<strong>da</strong>de sindical foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> em dezembro de 1963, tendo como presidente Lindolpho Silva, também integrante do PCB. Foi<br />

um dos organizadores do congresso camponês realizado em Belo Horizonte em 1961, integrando nesse encontro a comissão sobre reforma<br />

agrária, ao lado de Francisco Julião, Armênio Guedes, Dinarco Reis e Alberto Passos Guimarães. Dessa comissão saiu o texto Declaração<br />

do I Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, sobre o caráter <strong>da</strong> reforma agrária no Brasil.<br />

Trabalhou também como jornalista, sendo responsável pelo jornal Terra Livre, que o Partido Comunista lançou em 1949 para se concentrar<br />

na temática do movimento camponês e nas questões do trabalhador rural. Caio Prado Junior incluiu um texto de sua autoria numa publi-<br />

cação que lançou em 1962 pela Editora Brasiliense.

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