MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...
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O contraponto encontra-se no dever, para além da <strong>na</strong>tureza. Nesse sentido, o<br />
compositor lageano, socializado <strong>na</strong>s práticas musicais de sua cidade, teria a obrigação moral<br />
de reconhecê-las em suas composições. E essa não é uma característica exclusiva da produção<br />
de música <strong>na</strong>tivista em Lages. Como mencio<strong>na</strong>do nos capítulos anteriores, os compositores de<br />
música <strong>na</strong>tivista, em geral, elegem um significado central para suas práticas: fazer música<br />
<strong>na</strong>tivista é, sobretudo, cantar o amor pelas coisas <strong>na</strong>tivas. Desse pressuposto básico, tem-se<br />
que as coisas <strong>na</strong>tivas são as coisas ligadas ao ambiente rural, ao universo “campeiro” – termo<br />
muito utilizado pelos compositores. Assim, como a<strong>na</strong>lisou Lucas (2003), o movimento<br />
<strong>na</strong>tivista ancora-se <strong>na</strong>s expressões sociais e simbólicas criadas em torno da cultura pastoril e<br />
da cultura do gaúcho. Nesse sentido, embora grande parte dos compositores <strong>na</strong>tivistas resida<br />
em cidades, é o ambiente rural que representa o que entendem por <strong>na</strong>tivo. A constituição de<br />
imaginários acerca das regiões onde estão localizadas as cidades que sediam os festivais<br />
<strong>na</strong>tivistas revela, portanto, uma maneira específica de refletir sobre um passado rural,<br />
campeiro.<br />
Fotografia 16: Show de Jones Andrei Vieira <strong>na</strong> 4 a Nevada da<br />
Canção Nativa (2009), em São Joaquim-SC.<br />
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