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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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que deveriam ou não fazer parte do cancioneiro <strong>na</strong>tivista dos festivais, ao delimitar o que é<br />

mais ou menos <strong>na</strong>tivo, inscreve <strong>na</strong> música a relação problemática entre o Rio Grande do Sul e<br />

os países citados, mas também entre o Rio Grande do Sul e o Brasil. Quando o movimento<br />

<strong>na</strong>tivista reivindica qualidade em termos musicais, procura distinguir-se, basicamente, do que<br />

vinha sendo produzido por nomes como Pedro Raymundo, Zé Mendes, Teixeirinha e diversos<br />

conjuntos musicais que atuavam e ainda atuam em bailes gauchescos por toda a região sul. O<br />

catarinense Pedro Raymundo (1906-1973) tem aqui um papel pioneiro. De acordo com Mann,<br />

quando o músico chega a Porto Alegre em 1929, sua experiência musical já era bastante vasta.<br />

“Tocava choro, valsas e até jazz em sua gaita, enquanto batalhava pela sobrevivência como<br />

pudesse”. (MANN, 2002: 14) No RS entrou em contato com os gêneros musicais gaúchos e,<br />

antes mesmo do movimento tradicio<strong>na</strong>lista consolidar suas regras quanto à indumentária<br />

gaúcha, viajou pelo interior do estado a fim de encontrar elementos que pudessem compor seu<br />

figurino. Em 1939, forma o “Quarteto dos Tauras”, apresentando-se <strong>na</strong> Rádio Gaúcha e <strong>na</strong><br />

Rádio Farroupilha, onde é contratado para atuar em um programa próprio. Com o quarteto,<br />

Pedro Raymundo passa a compor em profusão, readaptando canções do folclore gaúcho -<br />

como Boi Barroso e Prenda Minha – e parte em excursão pelo interior do RS, Santa Catari<strong>na</strong><br />

e Paraná. Segundo Mann, ao fi<strong>na</strong>l da turnê, tenta convencer o grupo a seguir para o Rio de<br />

Janeiro. Não conseguindo, abando<strong>na</strong> o quarteto e parte só. O sucesso é meteórico: em 1943,<br />

depois de enfrentar filas de calouros <strong>na</strong>s grandes rádios do Rio, consegue se apresentar <strong>na</strong><br />

Rádio Mairynk Veiga – uma das líderes de audiência – com a toada Gaúcho Alegre:<br />

[...] Apresenta-se de chapéu quebrado <strong>na</strong> testa, botas, esporas, guaiaca e<br />

bombachas confeccio<strong>na</strong>das pela esposa. A toada Gaúcho Alegre faz com que<br />

seu nome ganhe simpatia geral, fixando seu perso<strong>na</strong>gem que logo ficaria<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lmente famoso: o ‘Gaúcho Alegre do Rádio’. É convidado pela<br />

Continental a gravar o 78 rpm com Adeus, Maria<strong>na</strong>.” (MANN, 2002: 16)<br />

Depois do estrondoso sucesso de Adeus, Maria<strong>na</strong>, Pedro Raymundo viria a gravar, até<br />

1958, sessenta discos de 78 rpm, quarenta deles pela Continental. Passa a trabalhar no rádio,<br />

no teatro e no cinema 93 , adquirindo grande popularidade no meio artístico da época. Em<br />

entrevista ao jor<strong>na</strong>l Pasquim, em 1971, Luiz Gonzaga atribui a Pedro Raymundo a decisão de<br />

apresentar-se vestido de Lampião:<br />

“Quando Pedro Raymundo veio para cá vestido até os dentes de gaúcho, eu me<br />

senti nu. Eu disse: por que é que o nordeste não tem sua característica? Eu tenho<br />

93 Em 1944 integra o elenco do espetáculo teatral “Tudo é Brasil”, de Ary Barroso, ao lado de Luz Del Fuego,<br />

Jararaca e Ratinho. Em 1948, participa do filme “Uma luz <strong>na</strong> Estrada”, de Alberto Pieralize e Pedro Bloch, com<br />

Mário Lago no elenco. (Mann, 2002: 16)<br />

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