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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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Muito apegado às datas, Bangel a<strong>na</strong>lisa ainda que em 1875 chegam os colonos<br />

italianos, trazendo a gaita 83 e consolidando definitivamente o estilo gaúcho. Menos<br />

entusiasmados com a importância da gaita <strong>na</strong> música gaúcha, Oliveira e Vero<strong>na</strong> ape<strong>na</strong>s<br />

constatam:<br />

No último quartel do século XIX, a gaita substitui definitivamente a viola<br />

como instrumento característico. É atribuída aos imigrantes italianos essa<br />

contribuição. (OLIVEIRA; VERONA, 2006: 27)<br />

Dentro da classificação adotada por Oliveira e Vero<strong>na</strong>, os gêneros considerados “de<br />

propagação européia” seriam a chimarrita (também chamada de chamarrita ou chamarra), a<br />

valsa, a polca, o chote (ou xote), a vaneira e a mazurca. 84 Entre os gêneros “de propagação<br />

sul-america<strong>na</strong>” estariam a rancheira, a toada, a milonga, a polca (paraguaia), o chamamé e o<br />

rasguido doble. Por fim, os gêneros “sul-rio-grandenses” seriam o bugio (ou bugiu) e o<br />

contrapasso. A diferença entre as classificações, segundo Oliveira e Vero<strong>na</strong>, é de que os<br />

gêneros de propagação européia seriam os gêneros musicais trazidos pelos imigrantes<br />

europeus no século XIX; os gêneros de propagação sul-america<strong>na</strong> seriam os gêneros<br />

assimilados pelo Rio Grande do Sul através das interações fronteiriças com países vizinhos<br />

(como Argenti<strong>na</strong>, Uruguai e Paraguai). Segundo os autores, com o advento do rádio, “o<br />

intercâmbio musical <strong>na</strong>s áreas limítrofes tornou-se acentuado”. (OLIVEIRA; VERONA,<br />

2006: 85) Por fim, os gêneros sul-rio-grandenses seriam os gêneros considerados<br />

“autóctones” do Rio Grande do Sul:<br />

Prelimi<strong>na</strong>rmente, urge diferenciar, no âmbito rural, ‘música do Rio Grande<br />

do Sul’ e música no Rio Grande do Sul’. Esta abrange toda manifestação<br />

musical que ocorreu e ocorre no território espacial do Estado; aquela é<br />

expressão própria dos gêneros genui<strong>na</strong>mente regio<strong>na</strong>is. (OLIVEIRA;<br />

VERONA, 2006: 161)<br />

De acordo com Lucas, os gêneros de canção considerados tradicio<strong>na</strong>is ou <strong>na</strong>tivos nos<br />

festivais de música <strong>na</strong>tivista correspondem a reinterpretações locais das danças de salão<br />

européias que invadem as <strong>América</strong>s <strong>na</strong> metade do século XIX e que, no Rio Grande do Sul,<br />

substituíram ou foram incorporados às danças trazidas pelos colonizadores açorianos e luso-<br />

brasileiros no século XVIII. (Lucas, 1990: 211) No fi<strong>na</strong>l do século XIX, entram em ce<strong>na</strong><br />

83 Segundo Bangel, a gaita que os italianos trouxeram já era bem desenvolvida e chegou com botões (gaita<br />

ponto, de voz trocada, de dois carreiros, etc.) e logo depois em teclado (gaita-piano ou acordeão). (BANGEL,<br />

1989: 20)<br />

84 Em um trabalho bastante similar, o musicólogo argentino Jorge Cardoso (2006) também reúne os gêneros<br />

citados em uma mesma categoria, mas denomi<strong>na</strong>da por ele de danzas de pareja tomada, ou danças de pares.<br />

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