MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...
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gêneros vindos da Argenti<strong>na</strong>, Uruguai e Paraguai – ainda que, a princípio, utilizados<br />
timidamente por compositores locais e pouco executados nos bailes e fandangos do estado –<br />
como a milonga, o chamamé e a polca paraguaia (ou polca guarani).<br />
A seleção de gêneros pelos compositores <strong>na</strong>tivistas variou muito com o tempo. Na<br />
pesquisa realizada por Lucas nos anos 1980, a autora encontrou a predominância dos<br />
seguintes gêneros:<br />
An inventory of the predomi<strong>na</strong>nt song genres of the seven main festivals that<br />
I attend in 1986-1987 shows that from a total of 216 songs, 53 were<br />
milongas, 20 toadas, 19 canções, 16 valsas, 16 vanera/vaneirão, 13<br />
chimarritas, 10 rancheiras, 9 mazurcas e chamamés, 7 chótis, and 6 bugio<br />
(but there is festival exclusively for this genre, e.g. in the 1987 2 o Ronco do<br />
Bugio 26 bugios competed). (LUCAS, 1990: 228)<br />
No levantamento que realizei durante a 16 a e 17 a Sapecada da Canção Nativa em<br />
Lages-SC, percebi a presença de outros gêneros platinos - para além da milonga e do<br />
chamamé que, desde os anos 1980 vêm sendo muito executados nos festivais. Das 64 canções<br />
classificadas para as duas edições do festival, 23 foram milongas, 14 chamamés, 7 chamarras,<br />
3 canções, 3 rasguido-doble, 2 chotes, 2 vanerões, 2 polcas, 2 milonga-canção, 1 zamba, 1<br />
chacarera, 1 toada e 1 milonga-candombe.<br />
A predominância de milongas e chamamés tor<strong>na</strong>-se um fato curioso <strong>na</strong> medida em que<br />
durante os primeiros festivais eram gêneros pouco privilegiados e, inclusive, não muito<br />
apreciados por jurados e comissões organizadoras. Santi a<strong>na</strong>lisa o regulamento da XXV<br />
Califórnia da Canção Nativa (1995), onde o artigo n. 15 proíbe expressamente gêneros como<br />
o chamamé, o tango, a zamba e a chacarera, considerando-os representantes de países e<br />
regiões vizinhas e não integrados à cultura musical sul-rio-grandense. (Santi, 2004: 86) E a<br />
milonga? Interessante notar como não é citada como um gênero não integrado à cultura<br />
musical do RS, e nisso o regulamento da Califórnia entra em acordo com a perspectiva dos<br />
folcloristas locais, como é o caso de Cezimbra Jacques:<br />
[...] Espécie de música crioula plati<strong>na</strong>, cantada ao som da guitarra (violão) e<br />
que está [...] adaptada entre a gauchada riograndense da fronteira.<br />
(JACQUES, 1979: 167)<br />
Barbosa Lessa e Paixão Côrtes são ainda mais enfáticos em incluir a milonga como<br />
um gênero folclórico do RS:<br />
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