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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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do autor. Reconhecendo o fato de não serem historiadores ou folcloristas, e sim<br />

tradicio<strong>na</strong>listas, o autor justifica que <strong>na</strong> falta de elementos para a ação, o grupo teve de suprir<br />

a lacu<strong>na</strong> de alguma maneira, mesmo que através da “invenção de tradições”, parafraseando<br />

Hobsbawn e Ranger. (BARBOSA LESSA, 1985:55) Barbosa Lessa defende ainda a principal<br />

diferença entre o 35 CTG e as agremiações que o precederam: enquanto que poetas como<br />

Aureliano Figueiredo Pinto, Augusto Meyer, Vargas Neto e Manoelito de Ornellas estariam<br />

preocupados em dar vida “literária” ao gaúcho, os membros do 35 CTG propunham, de fato,<br />

“revivê-lo”, ainda que simbolicamente.<br />

Para Santi, a criação do primeiro CTG uniu esforços de dois grupos distintos: um de<br />

estudantes secundaristas, outro de escoteiros, um pouco mais velhos, sendo o estudante<br />

Glaucus Saraiva seu primeiro presidente. Tendo tomado conhecimento da existência do<br />

Grêmio Gaúcho, fundado por Cezimbra Jacques, verificaram que este havia se afastado<br />

totalmente de seus “propósitos origi<strong>na</strong>is”; isto é: o levantamento das manifestações<br />

tradicio<strong>na</strong>is da cultura gaúcha. Só mais tarde puderam viajar a Montevidéu e estabelecer<br />

contato com as Sociedad Criollas uruguaias, que lhes forneceram elementos para a<br />

formulação das danças tradicio<strong>na</strong>listas. Nesse sentido, os integrantes deste primeiro CTG<br />

pareciam reconhecer certa “irmandade” com relação aos vizinhos argentinos e uruguaios,<br />

buscando em suas fontes folclóricas o substrato de que precisavam para a constituição de seu<br />

próprio repertório de danças tradicio<strong>na</strong>is. No entanto, como veremos adiante - no início da era<br />

dos festivais <strong>na</strong>tivistas -, haverá barreiras explícitas à participação de gêneros musicais<br />

considerados estrangeiros, em sua maioria, oriundos da Argenti<strong>na</strong> e Uruguai. O argumento<br />

principal diz respeito às temáticas das canções - que não estariam de acordo com as tradições<br />

presentes no RS - e à língua espanhola.<br />

É notória a importância que tanto Barbosa Lessa quanto Paixão Côrtes receberam de<br />

diferentes pesquisadores (musicólogos, cientistas sociais, historiadores) e também da mídia<br />

sul-rio-grandense quanto aos feitos de seus trabalhos de pesquisa e divulgação do folclore<br />

gaúcho. Ainda hoje em reportagens televisivas, principalmente durante a Sema<strong>na</strong> Farroupilha<br />

de 20 de setembro, seus nomes são lembrados com a alcunha de grandes incentivadores do<br />

resgate das tradições do estado. Vindo do interior (Piratini) para estudar em Porto Alegre,<br />

Barbosa Lessa era filho de pequenos proprietários rurais e um amante incondicio<strong>na</strong>l das<br />

histórias da Revolução Farroupilha. Segundo Oliven, este dado é importante no sentido de<br />

apontar que embora os fundadores do MTG sejam eventualmente acusados de cultuarem<br />

valores ligados ao latifúndio, não têm origem <strong>na</strong> oligarquia rural do estado - o que não os<br />

liberta de declarações conservadoras e favoráveis ao mundo estancieiro, em detrimento das<br />

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