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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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“era dos festivais” foi marcada pela expansão <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l da indústria cultural, a atuação de<br />

gravadoras multi<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e a efervescência de um mercado de bens culturais. Grandes nomes<br />

da contemporânea música popular brasileira (MPB) foram consagrados nesse período, tais<br />

como Chico Buarque, Edu Lobo, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre outros. Nesse sentido,<br />

nos festivais contemporâneos, as práticas artísticas ganham ainda um contorno em que se<br />

mesclam atividades de mercado ligadas ao ramo do lazer, como o turismo, por exemplo. De<br />

acordo com a análise de Edson Farias (2005) quanto à relação entre economia e cultura no<br />

circuito de festividades brasileiras, as “festas-espetáculo” populares brasileiras compreendem<br />

acontecimentos que compõem situações definidas em razão do forte apelo mercantil das<br />

atividades neles desenvolvidas, as quais estão voltadas para a prestação de serviços de<br />

diversão e turismo e se situam nos ca<strong>na</strong>is dos fluxos das redes midiáticas, pelos quais<br />

“símbolos são insumos e mercadorias, a um só tempo”. (FARIAS, 2005:655)<br />

Lucas (1990) compreende que a expressão simbólica mais proeminente do movimento<br />

<strong>na</strong>tivista seja o “festival de música <strong>na</strong>tiva”. Desde o começo dos anos 1970, no Rio Grande do<br />

Sul, essas competições de música tor<strong>na</strong>ram-se uma instituição bastante próspera, social e<br />

economicamente. Segundo a autora, a competição é uma das características centrais dos<br />

festivais: além da rivalidade <strong>na</strong>s competições sonoras baseadas em critérios estéticos, existe<br />

também a rivalidade inter-festivais por prestígio e reconhecimento de sua legitimidade. Em<br />

todos os festivais <strong>na</strong>tivistas acompanhados por Lucas, ficou clara sua desig<strong>na</strong>ção como um<br />

momento apropriado pela comunidade, cidade, para reviver um passado coletivo, para<br />

apresentar a seus participantes os símbolos de sua distinção. De acordo com a autora, sendo<br />

que esses festivais acontecem uma vez por ano, oferecem a oportunidade de, em pouco tempo,<br />

reavivar estórias sobre famílias locais, figuras políticas e populares. (LUCAS, 1990: 172)<br />

Segundo Ruben Oliven (1992), os festivais de música <strong>na</strong>tivista são uma das are<strong>na</strong>s <strong>na</strong> qual<br />

têm se travado de modo mais intenso as disputas em torno do que significa ser “gaúcho”,<br />

mesmo que o debate seja travado entre catarinenses. É nessa are<strong>na</strong> que se confrontam os<br />

atores do “gauchismo”, tendo a música como móvel de disputa. (OLIVEN, 1992: 116) De<br />

acordo com o autor, toda a polêmica gira, em última instância, em torno do que vem a ser a<br />

“cultura gaúcha” e quem tem competência para defini-la.<br />

Se pensarmos como DaMatta - com relação ao que faz do brasil, Brasil -, a<br />

importância dos festivais <strong>na</strong>tivistas, principalmente no Rio Grande do Sul, pode trazer à to<strong>na</strong><br />

questões interessantes sobre o que seria considerado específico (sem ser exclusivo) da<br />

sociedade sul-rio-grandense. No entanto, é preciso pontuar que ao centralizar sua análise<br />

sobre a sociedade brasileira <strong>na</strong> festa popular do Car<strong>na</strong>val, DaMatta acaba dando uma nova<br />

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