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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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<strong>na</strong>me mbae<strong>na</strong>” (vamos improvisar alguma coisa para segurar os presentes) 89 . (CARDOSO,<br />

2006: 255)<br />

Na Argenti<strong>na</strong>, o chamamé ficou conhecido como um dos gêneros mais representativos<br />

do folclore litorâneo 90 . Era executado exclusivamente com o acordeom até que, ainda <strong>na</strong><br />

primeira metade do século XX aparece o bandoneón. Os violões (ou guitarras) são<br />

instrumentos essencialmente rítmicos, dando ao chamamé a característica marcante do típico<br />

rasgueado 91 . Nota-se também a presença de birritmia com superposição de compassos 6/8 e<br />

3/4, além da usual execução de duos melódicos em intervalos de terças ou sextas paralelas,<br />

tanto em nível vocal quanto instrumental.<br />

De acordo com Lucas, o chamamé foi assimilado no RS através da região missioneira<br />

do estado, e seus primeiros registros datam de 1950. De fato, como citado acima, os<br />

compositores missioneiros do RS - a exemplo de Ce<strong>na</strong>ir Maicá e Noel Guarany – foram muito<br />

importantes <strong>na</strong> difusão de gêneros argentinos <strong>na</strong> música gauchesca e <strong>na</strong>tivista. De acordo com<br />

Mann, Ce<strong>na</strong>ir Maicá e Noel Guarany viajam para a Argenti<strong>na</strong> no início da década de 1970<br />

apresentando-se em festivais folclóricos. Lá realizam importantes parcerias que resultaram em<br />

apresentações, <strong>na</strong>s fronteiras argenti<strong>na</strong> e paraguaia, com músicos como Martin Coplas,<br />

Chaloy Jara, Lúcio Martinez, Mercedes Sosa, Raulito Barboza, Antonio Tarragó Ros, Lucio<br />

Yanel e Pepe Guerra.<br />

Devido às intensas proibições por parte dos regulamentos de festivais, alguma<br />

confusão acabou ocorrendo entre a rancheira e o chamamé. Isso porque, segundo Oliveira e<br />

Vero<strong>na</strong>, muitos chamamés no Brasil teriam aproveitado os fraseados melódicos e acentuações<br />

da rancheira - gênero ternário aceito <strong>na</strong> maioria dos festivais. (OLIVEIRA;VERONA, 2006:<br />

149) Também é notória a estreita ligação entre o chamamé e outro gênero bastante executado<br />

no Brasil a partir dos anos 1950: a guarânia. Segundo Oliveira e Vero<strong>na</strong>, a guarânia teria sido<br />

89 Na <strong>na</strong>rrativa apresentada por Cardoso, não fica claro se os músicos eram índios guaranis ou não.<br />

90 Como aponta Cardoso, o litoral argentino é a região formada pelas províncias de Corrientes, Formosa,<br />

Misiones, norte de Entre Ríos, Santa Fe e Chaco. Trata-se de um litoral fluvial, com seus dois grandes rios:<br />

Paraná e Uruguai. (Cardoso, 2006: 256)<br />

91 Segundo Cardoso, trata-se de uma técnica muito particular usada para acompanhar a voz ou outro instrumento,<br />

reunindo e vinculando extremamente a harmonia e o ritmo. O efeito é produzido pelo arrastar dos dedos mínimo,<br />

anular, médio e indicador (em forma de leque) <strong>na</strong>s cordas do violão. De acordo com o autor, é surpreendente<br />

notar que durante os períodos re<strong>na</strong>scentista e barroco os rasgueos não ape<strong>na</strong>s faziam parte da aprendizagem<br />

integral da guitarra, mas eram incentivados desde o início. Ao contrário, a guitarra erudita deixou de cultivá-los<br />

em períodos posteriores. (Cardoso, 2006: 26) Além disso, de acordo com Menezes Bastos (1999), a guitarra<br />

erudita usa o ponteado, também dito “solo”. Para relevância da distinção entre as duas formas de tocar no Brasil,<br />

ver: Menezes Bastos, Rafael José. Músicas Latino-America<strong>na</strong>s, Hoje: Musicalidade e Novas Fronteiras. In:<br />

Torres, Rodrigo (Ed.) Música Popular en <strong>América</strong> Lati<strong>na</strong>: Actas del II Congreso Latinoamericano IASPM.<br />

Santiago de Chile: FONDART (Ministerio de Educación de Chile), 1999, P. 17-39.<br />

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