MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...
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As parcerias de composição são relações sociais bastante amplas, envolvendo<br />
diferentes aspectos da produção musical, como a indicação de parceiros, estúdios de gravação,<br />
marcas de instrumentos musicais; e também a utilização de blogs e pági<strong>na</strong>s de relacio<strong>na</strong>mento<br />
<strong>na</strong> internet (como o site “myspace”, desti<strong>na</strong>do a músicos, bandas, conjuntos musicais etc.) 131<br />
para a divulgação das composições e contato com outros músicos do meio <strong>na</strong>tivista da cidade.<br />
Nesse sentido, também optei por observar os processos de composição das músicas de festival<br />
- como muitos interlocutores mencio<strong>na</strong>ram durante a pesquisa – e nos ensaios das<br />
composições.<br />
Como afirmei anteriormente, a observação das relações entre letra e música tornou-se<br />
muito importante no intuito de compreender os processos de composição para as músicas de<br />
festival. Levando em conta o festival Sapecada da Canção Nativa, acompanhei a formação de<br />
algumas parcerias dos compositores da cidade de Lages para a 17 a edição do evento, em<br />
2009. No início da pesquisa de campo - informando meus interlocutores a respeito da intenção<br />
de acompanhar o processo de composição das músicas que seriam inscritas no festival –,<br />
percebi que precisaria levar em conta diferentes processos, e não um processo geral, único.<br />
Alguns interlocutores relataram que seria uma tarefa muito difícil, já que algumas letras e<br />
melodias tinham sido escritas há bastante tempo, e que eu possivelmente acompanharia<br />
ape<strong>na</strong>s o processo de construção de arranjos e seleção de instrumentos musicais que poderiam<br />
ser incluídos <strong>na</strong> música. Alguns compositores relataram que produzem diariamente,<br />
trabalhando uma letra durante sema<strong>na</strong>s, e depois a melodia e a harmonia, também com um<br />
espaço de tempo variável. Outros afirmaram que só conseguiam compor depois de pensar um<br />
tema (assunto) por vários dias, para depois compor letra e música “numa vez só”. O ritmo das<br />
composições, como alguns relataram, poderia ser escolhido antes mesmo da letra. Ou ainda,<br />
seria determi<strong>na</strong>do através da métrica apresentada pela letra. Como a intenção primeira da<br />
pesquisa foi compreender como a produção musical poderia revelar as práticas e audições de<br />
mundo de meus interlocutores, não pude realizar uma investigação da produção das letras das<br />
composições e suas particularidades. Portanto, além da análise das letras das composições<br />
<strong>na</strong>tivistas, a construção da música tor<strong>na</strong>-se absolutamente central dentro de uma perspectiva<br />
etnomusicológica, ou como prefere Menezes Bastos (1995), “para além de uma antropologia<br />
sem música e de uma musicologia sem homem”. Nesse sentido, não é a separação entre letra<br />
e música que está em jogo, mas uma opção teórico-metodológica. Ainda, é necessário afirmar<br />
que a música <strong>na</strong>tivista não é tomada aqui como um exemplo de como pensam e vivem os<br />
131 Em alguns blogs de compositores <strong>na</strong>tivistas, encontrei uma seção de atalhos (links) para os blogs de outros<br />
músicos.<br />
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