MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...
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a construção da cidade no lugar denomi<strong>na</strong>do “Taipas”, <strong>na</strong> chapada do Cajurú. O lugar não era<br />
adequado (falta de matéria prima para a construção das casas) e foi abando<strong>na</strong>do. O segundo<br />
local escolhido também foi abando<strong>na</strong>do - por conta de uma enchente - e o terreno próprio foi<br />
fi<strong>na</strong>lmente encontrado próximo ao rio Caveiras. Os episódios da procura de um lugar para a<br />
construção da cidade são conhecidos em Lages como o “sonho da nova póvoa”, e já foram<br />
tema de composições <strong>na</strong>tivistas <strong>na</strong> Sapecada da Canção Nativa. Tratando-se de um material<br />
didático, muitas informações são bastante sumárias, como a seguinte expressão: “Lages é uma<br />
cidade tradicio<strong>na</strong>lista”. Parecia-me um ponto interessante se a autora não se limitasse a<br />
explicá-lo em função das celebrações mais importantes da cidade, como a Sema<strong>na</strong><br />
Farroupilha e as Festas do Interior (festas realizadas <strong>na</strong>s localidades rurais do município).<br />
Ligar o tradicio<strong>na</strong>lismo da cidade à importância da Sema<strong>na</strong> Farroupilha parecia o bastante,<br />
mas Centros de Tradição Gaúcha (CTGs) não foram citados, o que parece sugerir certa<br />
autonomia do evento quanto a essas instituições. Pude confrontar esta dúvida durante as<br />
comemorações da Sema<strong>na</strong> Farroupilha de Lages, em setembro de 2008. Prefeitura, CTGs da<br />
cidade, e a Universidade do Pla<strong>na</strong>lto Catarinense (UNIPLAC) dividiram os papéis da<br />
organização: a Fundação <strong>Cultura</strong>l do município organizou uma programação de apresentações<br />
artísticas e palestras em suas dependências; a Universidade realizou mostras de fotografia e<br />
estandes com informativos sobre tradicio<strong>na</strong>lismo no próprio campus; e alguns CTGs da<br />
cidade ficaram responsáveis pela comemoração do dia 20 de setembro, no parque Jo<strong>na</strong>s<br />
Ramos, com apresentações artísticas durante todo o dia. Pude acompanhar alguns desses<br />
eventos, como a palestra de uma genealogista - participante de um projeto da Vara da Fazenda<br />
de Lages 29 . A proposta primeira do projeto seria a de comprovar a <strong>na</strong>turalidade (lagea<strong>na</strong>) de<br />
Anita Garibaldi, considerada uma das heroí<strong>na</strong>s da Revolução Farroupilha. Em uma longa<br />
apresentação de dados genealógicos sobre a família de Anita, alguns pontos chamaram minha<br />
atenção em particular: o argumento de que Anita Garibaldi só poderia ser lagea<strong>na</strong>, pois sua<br />
perso<strong>na</strong>lidade guerreira e corajosa a identificava prontamente com o temperamento da mulher<br />
lagea<strong>na</strong> - que <strong>na</strong> época da Revolução Farroupilha, tinha que aprender a se defender tanto de<br />
intempéries da <strong>na</strong>tureza quanto de forasteiros. Nesse sentido, segundo tal argumentação,<br />
Anita não poderia ser lagunense, pois a mulher do litoral teria uma vida mais ligada ao mundo<br />
privado, menos hostil. Tudo aquilo não fazia sentido para mim, embora a pesquisa<br />
genealógica pudesse mesmo provar a <strong>na</strong>turalidade lagea<strong>na</strong> de Anita Garibaldi. Mas fiquei me<br />
perguntando: por que é tão importante que isso seja provado? Devido à força de adesão que<br />
29 Evento realizado no dia 15/09/2008 no prédio da Fundação <strong>Cultura</strong>l de Lages.<br />
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