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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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efletir sobre o que é ser gaúcho, também é o momento no qual interessa saber o que é ser<br />

“brasileiro”. Quando o major Cezimbra Jacques, membro fundador do Grêmio Gaúcho de<br />

1898, decide realizar um intenso registro das danças do fandango gaúcho, intelectuais como<br />

Sílvio Romero, Euclides da Cunha e Alberto Torres despontam como a primeira geração<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lista em busca do autêntico <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l em detrimento da imitação dos modismos<br />

estrangeiros. Como mencio<strong>na</strong>do no capítulo anterior, Cezimbra Jacques via com muita cautela<br />

a chegada dos imigrantes europeus ao Rio Grande do Sul, assumindo uma perspectiva<br />

conservadora quanto às manifestações culturais de seu estado. Era preciso valorizar o<br />

autêntico – e, ainda, defini-lo – no intuito de fortalecer a unidade, seja da pátria, seja do Rio<br />

Grande do Sul.<br />

Com a constituição dos primeiros grêmios regio<strong>na</strong>listas, o fandango gaúcho passa a<br />

representar o que seria conhecido posteriormente como a base referencial da música folclórica<br />

do Rio Grande do Sul. Muitos pesquisadores, entre eles Cezimbra Jacques, Paixão Côrtes e<br />

Barbosa Lessa o definem como um “baile” ou “festa”, realizado <strong>na</strong>s comunidades rurais do<br />

estado, onde se executavam diferentes danças. Cezimbra Jacques (1979) as descreve em sua<br />

pesquisa como “danças sapateadas”, acompanhadas de uma viola de 10 ou 12 cordas.<br />

Segundo o autor, tais danças se constituiriam ainda em dois formatos: um para ser dançado e<br />

outro fixo, que poderia ser cantado com diferentes textos. Dentre as danças citadas pelo autor<br />

estão o cará, o xará, a serra<strong>na</strong>, o anu, o tatu, a tira<strong>na</strong> e a chimarrita, sendo que as únicas que<br />

teriam persistido até a metade do século XIX nos bailes rurais do estado, seriam a chimarrita,<br />

a tira<strong>na</strong> e o anu. Longe de atestar a veracidade ou não dos dados apresentados por esses<br />

pesquisadores, ou ainda, reforçar uma procura pelas origens dos gêneros, é necessário notar a<br />

maneira como tais pesquisas constroem uma classificação peculiar, onde há gêneros de<br />

“propagação européia”, de “propagação sul-america<strong>na</strong>” e gêneros “sul-rio-grandenses” -<br />

como é o caso da classificação utilizada por Oliveira e Vero<strong>na</strong>.<br />

Tomemos essa classificação como ponto de partida para nossa discussão. O<br />

compositor e maestro Tasso Bangel (1989) acredita que o Rio Grande do Sul desenvolveu um<br />

estilo próprio de compor e executar suas canções, entendendo que o estilo é uma<br />

particularidade que perso<strong>na</strong>liza uma composição musical, lhe dá identidade 76 . Nesse sentido,<br />

como o “estilo country” da <strong>América</strong> do Norte, o “estilo gaúcho” se refere “ao meio ambiente<br />

campeiro, com cavalos, bois, aventura e solidão”. (BANGEL, 1989: 12) De acordo com tal<br />

76 O conceito de estilo, utilizado por Bangel, parece diferenciar-se do conceito a<strong>na</strong>lítico de gênero musical. De<br />

acordo com o autor, o estilo abarcaria diferentes gêneros musicais, e estaria ligado à maneira de composição e<br />

execução dos gêneros.<br />

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