17.04.2013 Views

MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

para o Uruguai e para o Brasil. De acordo com o autor, no fi<strong>na</strong>l do século XIX, no Brasil,<br />

milonga era sinônimo de barulho, festa e toda reunião muito alegre; assim como em Buenos<br />

Aires, falava-se em milonga para aludir a uma festa bailável, a um bailongo, utilizando a<br />

mesma acepção para o fandango. (CARDOSO, 2006: 344) Trata-se de uma forma especial de<br />

acompanhamento realizado pelo violão (ou guitarra, mais precisamente, <strong>na</strong> Argenti<strong>na</strong>),<br />

utilizando-se de arpejos; seja para apoiar as canções executadas pelos payadores, seja para<br />

acompanhar uma melodia ponteada por outro violão. Ainda, como prelúdios ou interlúdios<br />

executados pelo violão quando o canto está em pausa. É preciso notar que existem diferentes<br />

tipos de milonga, como é o caso da milonga porteña (também chamada de milonga<br />

arrabalera entre os músicos <strong>na</strong>tivistas no Brasil). Mais recente, a milonga porteña diferencia-<br />

se da milonga de espécie lírica, principalmente por tor<strong>na</strong>r-se bailável, ou como prefere<br />

Cardoso, por ser uma danza de pareja tomada.<br />

Segundo Lucas, a milonga apresenta-se quase sempre em modo menor (geralmente E,<br />

D e A menor), porém, podemos encontrá-la também em modo maior, tanto rápida quanto<br />

lenta. Seu compasso usual é o 2/4, e em termos harmônicos verifica-se a presença de um<br />

empréstimo modal especialmente <strong>na</strong> cadência fi<strong>na</strong>l. Lucas também observa como uma<br />

característica marcante, certa tendência melódica descendente no canto da milonga, sobretudo<br />

<strong>na</strong> cadência fi<strong>na</strong>l da estrofe. Quanto ao caráter das composições, é bastante elucidativo o<br />

comentário de Cardoso:<br />

En cuanto a su carácter las hay de todo tipo: amorosas, provocativas,<br />

satíricas, históricas, patrióticas, políticas, paisajísticas, dramáticas etc., sin<br />

embargo, su mayor interés reside en que la milonga ha sido uno de los<br />

principales ritmos de que se valieron y se valen aun hoy los payadores –<br />

suerte de juglares, cronistas musicales, filósofos populares – que recorrían<br />

las campiñas cantando sucedidos, compitiendo o respondiendo a preguntas<br />

que le formulaba el auditorio, siempre en versos improvisados, soplando<br />

vida a u<strong>na</strong> tradición que tiende a desaparecer. (CARDOSO, 2006: 345).<br />

A ligação da milonga com a payada é bastante explorada pelos pesquisadores desse<br />

gênero. De acordo com Roger Leri<strong>na</strong> (LERINA apud MANN, 2002), esta forma poética pode<br />

ser definida como um repente em décima (estrofe de dez versos) de redondilha maior (versos<br />

de sete sílabas) e rima entrelaçada (todos os versos rimam entre si, alter<strong>na</strong>damente).<br />

Acompanhada por um violão, o gênero musical que a embala é preponderantemente a<br />

milonga e, nesse sentido, a payada e a milonga (em sua forma não-bailável) estiveram sempre<br />

associadas. O “cantar opi<strong>na</strong>ndo” - do qual nos fala José Hernández através do perso<strong>na</strong>gem<br />

Martín Fierro - além de apontar para o compromisso crítico que, em sua opinião, deveria ter o<br />

79

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!