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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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perverso - que ao referir-se ao conjunto de tradições <strong>na</strong>tivas de Santa Catari<strong>na</strong>, muitos autores<br />

passem sem preocupação pela presença negra e indíge<strong>na</strong> no estado.<br />

De maneira marcante, a grande referência para a historiografia da cidade foi a obra de<br />

Licurgo Ramos da Costa, “O Continente das Lagens”, composta por quatro volumes e editada<br />

pela primeira vez em 1982. Pertencente a uma família notável <strong>na</strong> política local, Licurgo Costa<br />

construiu uma detalhada <strong>na</strong>rrativa sobre a formação da cidade e também da região serra<strong>na</strong> do<br />

estado. No prefácio de “O Continente das Lagens” a<strong>na</strong>lisa a falta de informações coerentes<br />

trazidas pelos cronistas locais que o antecederam. Num objetivo pessoal claro, os esforços de<br />

Licurgo em <strong>na</strong>rrar a história de sua cidade receberam inigualável reconhecimento por parte de<br />

qualquer pesquisador que posteriormente se dispôs a investigar aspectos históricos da<br />

formação da cidade de Lages - ainda que a obra também tenha passado pelas análises críticas<br />

de alguns historiadores. Como nenhum outro até então, explorou a fundo a presença indíge<strong>na</strong><br />

no pla<strong>na</strong>lto serrano, ressaltando as peculiaridades das relações entre índios e brancos, travadas<br />

no momento da ocupação de um território que até o século XVIII não recebeu a atenção de<br />

Portugal. Um dado interessante trazido por Costa, e facilmente identificado <strong>na</strong>s falas<br />

cotidia<strong>na</strong>s dos moradores da cidade é o fato de a população indíge<strong>na</strong> ser denomi<strong>na</strong>da sem<br />

qualquer diferenciação pelo termo “bugres”. Citando o antropólogo Sílvio Coelho dos Santos,<br />

Licurgo Costa dedica um capítulo de seu livro aos “primitivos habitantes” – segundo o autor,<br />

Xoklengs e Kaigangs - e que, chamados de bugres, receberam pouca, ou nenhuma atenção de<br />

outros pesquisadores locais. Nesse sentido, a crítica ao tradicio<strong>na</strong>lismo exógeno, vindo do<br />

Rio Grande do Sul para Santa Catari<strong>na</strong>, teria ainda outros elementos exógenos por definir. O<br />

silêncio encarregou-se deste papel.<br />

Para Licurgo Costa, o povoamento da região se deu única e exclusivamente por<br />

motivos militares, sendo uma das cidades do período colonial com fundação planejada. De<br />

acordo com o autor, no século XVII se estabelecem as Missões Catequizadoras dos Jesuítas<br />

<strong>na</strong>s proximidades do rio Uruguai, noroeste do Rio Grande do Sul. O local ficou conhecido,<br />

tempos depois, como “Sete Povos das Missões”, tendo enorme influência nos momentos<br />

decisivos para a fixação do atual território do Rio Grande do Sul e, inclusive, para a fundação<br />

de Lages. Licurgo Costa cita uma carta de 1765 do gover<strong>na</strong>dor de São Paulo, D. Luiz<br />

Antônio, ao conde de Oeiras. D. Luís demonstrava preocupação com os “castelhanos das<br />

missões jesuíticas” que, a cada três anos, mandavam às chapadas de Vacaria 38 duas<br />

38 Licurgo explica que antes de ser conhecida com a denomi<strong>na</strong>ção de Campos de Lages, segundo a tradição oral,<br />

a área era chamada de “Vacaria das Lagens” para distingui-la das chapadas de Vacaria, no RS, cidade fronteiriça<br />

com SC.<br />

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