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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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trazíamos shows <strong>na</strong>tivistas de artistas do Rio Grande do Sul. Na época não<br />

tinha Festa do Pinhão, mas sempre que acontecia um rodeio alguns artistas<br />

eram convidados e o público daqui gostava muito, como Dante Ramón<br />

Ledesma, Neto Fagundes, Elton Saldanha, Re<strong>na</strong>to Borghetti, Pedro Ortaça,<br />

José Cláudio Machado, Os Serranos, Gaúcho da Fronteira... nós trouxemos<br />

todos esses grandes nomes da música <strong>na</strong>tivista para tocar no nosso bar.<br />

Então houve um grande ‘boom’ <strong>na</strong> cidade em relação à música <strong>na</strong>tivista por<br />

essa nossa atitude de trazer esses artistas <strong>na</strong>tivistas de peso, <strong>na</strong> época. Em<br />

contraponto, também passamos a aprender com eles. Tanto eu quanto o<br />

James recebemos influências diversas do <strong>na</strong>tivismo, por conta desses shows<br />

no bar [...].” (Joacir Borges, entrevista realizada em novembro de 2008, em<br />

Lages-SC)<br />

Um dos pontos mais comuns dos regulamentos de festivais <strong>na</strong>tivistas fala sobre o<br />

limite de participação de intérpretes, instrumentistas e compositores de letra e música, sendo<br />

que cada um poderá defender, no máximo, duas composições durante o festival. Isso faz com<br />

que uma prática torne-se absolutamente fundamental no processo de composição: as<br />

parcerias. Nesse sentido, não são grupos, conjuntos, bandas, que entram no palco para<br />

defenderem as composições, e sim parceiros de composição. O depoimento de Vieira a<br />

respeito do início do processo de composição de uma música de festival – como prefere<br />

chamar – é bastante elucidativo de como as parcerias articulam as relações entre letra e<br />

música <strong>na</strong>s composições <strong>na</strong>tivistas:<br />

“Primeiro eu componho a letra, por exemplo, ou quando não sou eu que<br />

componho a letra eu pego a letra e dou uma olhada <strong>na</strong> métrica, penso num<br />

ritmo e pego o instrumento e vou tocando [...] Até já aconteceu de a melodia<br />

vir antes... ou às vezes acontece simultâneo, de você pegar a letra e sair<br />

cantando. Mas normalmente a música vem depois da letra. Às vezes o autor<br />

da letra já pensa num ritmo enquanto escreve, mas aí depende muito da<br />

parceria. Muitos poetas me procuram pra compor bugio, por exemplo.”<br />

(Jones Andrei Vieira, entrevista realizada em outubro de 2008, em Lages-<br />

SC)<br />

É importante notar que além da constante permuta de parceiros, a atuação de cada um<br />

no processo também pode variar. Os chamados poetas <strong>na</strong>tivistas, muitas vezes, compõem<br />

músicas para as letras de outros poetas. No entanto, as atuações tendem a demarcar um status<br />

permanente para os atuantes: alguém poderá ser considerado poeta quando, por exemplo, for<br />

conhecido mais por suas letras do que por suas músicas. Assim também um intérprete poderá<br />

não ser lembrado pelas músicas que compôs, mas pelas interpretações das composições de<br />

seus parceiros.<br />

Borges enfatizou o contexto de formação de muitas parcerias entre compositores<br />

<strong>na</strong>tivistas da cidade - como os bares e shows de música <strong>na</strong>tivista. Um fato interessante

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