17.04.2013 Views

MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Aracy Lopes da Silva (1992), recentemente, uma abordagem mais sistemática das<br />

manifestações técnicas, artísticas e estéticas, em contextos específicos, tem contribuído para a<br />

melhor compreensão da construção social e individual nestas sociedades.<br />

No interior destes estudos, uma preocupação fundamental foi a de relativizar os<br />

conceitos de arte levados a campo pelo pesquisador. Assim, como apontou Menezes Bastos<br />

(2007), a artisticidade seria entendida como um “estado geral” de ser, que envolve o pensar, o<br />

sentir, o fazer, <strong>na</strong> busca abrangente da “beleza”, esta compreendida de maneira diferente da<br />

prevista por formulações ocidentais consuetudinárias, tipicamente as mais acadêmicas. Nesse<br />

sentido, tal estado geral - não desig<strong>na</strong>ndo ape<strong>na</strong>s o que classificamos como “belas artes” -<br />

abrange todas as coisas e os seres do mundo, que também podem ser entendidos como obras<br />

de arte. Outra preocupação destes estudos - advinda da maneira diferencial de conceber as<br />

manifestações artísticas - diz respeito a uma reflexão sobre o conceito de estética. Segundo<br />

Els Lagrou (2007), ao negar aos conceitos de estética ou de arte uma aplicabilidade universal,<br />

não significa declarar esta área da sensibilidade e atividade huma<strong>na</strong>s como não representativa<br />

para estudos comparativos. Pelo contrário, significa assi<strong>na</strong>lar a importância destes fenômenos<br />

para todo o campo da teoria antropológica, subtraindo a antropologia da arte que, segundo a<br />

autora, teria sido capturada por armadilhas metodológicas colocadas por outras discipli<strong>na</strong>s -<br />

de seu confi<strong>na</strong>mento a uma subárea específica da estética ou da arte, redefinindo-a como uma<br />

“sensibilidade em relação à forma, enquanto materialização de idéias, experiências e<br />

relações”. (LAGROU, 2007: 21)<br />

De acordo com Lagrou, se a antropologia se define como uma discipli<strong>na</strong> não<br />

valorativa por excelência, desconfiando de qualquer juízo de valor com pretensões<br />

universalistas, a estética, por outro lado, estaria lidando com valores e distinções desde o<br />

momento em que se define seu objeto: arte é aquele objeto que responde a determi<strong>na</strong>dos<br />

critérios mínimos que permitem sua distinção de outros objetos não produzidos com este fim.<br />

E esta foi a razão pela qual a abordagem estética <strong>na</strong> antropologia da arte foi atacada de forma<br />

tão veemente por defensores de uma nova antropologia da arte. (GELL 1998 apud LAGROU,<br />

2007: 22). De acordo com este autor, a arte não é ape<strong>na</strong>s uma linguagem, tem a ver com os<br />

agentes, e os próprios objetos possuem agência. Els Lagrou assi<strong>na</strong>la que Gell supera a<br />

clássica oposição entre artefato e arte, introduzindo agência e eficácia onde a definição<br />

clássica só permite contemplação. Mas o autor mantém, por outro lado, um fascínio pelo<br />

“difícil”, característica que mais marcaria, segundo Bourdieu (1979), a concepção de arte<br />

desde Kant: onde o valor é dado àquilo que se distingue, ao gosto refi<strong>na</strong>do e informado que<br />

não se deixa levar pelo prazer fácil que satisfaz os sentidos. Nesse sentido, a abordagem de<br />

124

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!