MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...
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vicentinos que chegaram ao litoral de Santa Catari<strong>na</strong> no século XVII, aos quais se associaram<br />
os açorianos no século seguinte; a segunda foi a que partiu do pla<strong>na</strong>lto paulista, sob a<br />
orientação do português Antônio Correia Pinto, fundando, em 1771, a vila de “Nossa Senhora<br />
dos Prazeres das Lagens”, às margens do Rio Caveiras.<br />
A origem paulista também é explorada por Antônio Pichetti (2004) 34 . Segundo o<br />
autor, à exceção da estreita faixa litorânea, toda Santa Catari<strong>na</strong>, de acordo com o Tratado de<br />
Tordesilhas - firmado entre as duas potências ibéricas em 1494 - pertenceria à Espanha. No<br />
entanto, isso não ocorreu e por razões diversas. Aponta-se o ano de 1739 como o do<br />
surgimento do atual Estado de Santa Catari<strong>na</strong> – ano em que chega a Desterro - para assumir o<br />
governo do Estado - o brigadeiro José da Silva Pais. De acordo com Pichetti, foram os<br />
paulistas que se adiantaram <strong>na</strong> ocupação do pla<strong>na</strong>lto serrano, segundo o autor, “verdadeiro<br />
vazio demográfico”. O gover<strong>na</strong>dor bandeirante Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão, o<br />
Morgado de Mateus, foi quem determinou a fundação de Lages ainda no século XVIII. De tal<br />
tarefa foi incumbido Antonio Correia Pinto, homem abastado, senhor de muitos escravos,<br />
residente em São Paulo. Pichetti salienta que Correia Pinto já conhecia a região, ponto de<br />
passagem da importante “Estrada de Tropas” que ligava o Rio Grande do Sul a São Paulo,<br />
passando, evidentemente, por Santa Catari<strong>na</strong> e Paraná. Atravessara a área diversas vezes,<br />
tropeando gado, sobretudo muar, apanhando-o nos campos gaúchos e levando-o à feira de<br />
Sorocaba, em São Paulo. Chegou à região (que, segundo o autor, já possuía alguns moradores<br />
esparsos) em 1766, e, após várias experiências quanto ao local da vila, fundou-a oficialmente<br />
em 25 de maio de 1771. O fato provocou protestos do governo sediado em Florianópolis e<br />
também no Rio Grande do Sul, tendo em vista a pretensão sul-rio-grandense sobre a área. De<br />
acordo com o autor, seu progresso foi lento, era muito isolada, comunicava-se com o Rio<br />
Grande do Sul, Paraná e São Paulo pela Estrada de Tropas, sendo o intercâmbio com o litoral<br />
catarinense quase nulo. (PICHETTI, 2004: 32)<br />
E o argumento de uma “essência” paulista frente a uma “superfície” sul-rio-grandense<br />
parece tomar força <strong>na</strong> medida em que ocorre a institucio<strong>na</strong>lização do Movimento<br />
Tradicio<strong>na</strong>lista Gaúcho (MTG) em Santa Catari<strong>na</strong> a partir dos anos 1960. De acordo com a<br />
pesquisa do historiador Emerson César de Campos (1999) sobre a expansão do MTG em<br />
Santa Catari<strong>na</strong>, as práticas campeiras 35 foram um dos fatores primordiais e “irrefutáveis” -<br />
utilizando um termo do próprio autor - <strong>na</strong> difusão do gauchismo nesta região do estado que,<br />
34 Pichetti, Antônio. Santa Catari<strong>na</strong>: seu povoamento e a República Julia<strong>na</strong>. In: Pichetti, Antônio. Guerras e<br />
Fronteiras do Sul. Florianópolis: Ed. Do autor, 1 a Ed, 2004. P. 29-39<br />
35 Práticas campeiras são as atividades ligadas ao campo, como criação de cavalos, gado de corte e agricultura.<br />
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