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MÚSICA DE FESTIVAL: - Arte, Cultura e Sociedade na América ...

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perspectiva sobre a formação de um estilo, o meio ambiente e os povos que o habitam<br />

parecem ser fator determi<strong>na</strong>nte. Também é no contato com diferentes experiências musicais<br />

que um estilo ganha uma feição própria. Segundo o autor, até cerca de 1750, o “futuro” estilo<br />

gaúcho seria formado por:<br />

Música dos índios (pampeanos/guaranis/gês)<br />

Música dos luso-brasileiros (bandeirantes/lagunenses)<br />

Música dos portugueses (luso-açorianos)<br />

Música dos jesuítas (missões espanholas)<br />

Música dos negros (angola/benguela/congos)<br />

Música dos espanhóis (territórios limítrofes).<br />

(BANGEL, 1989: 16)<br />

Utilizando o esquema apresentado por Bangel, Oliveira e Vero<strong>na</strong> categorizam a<br />

influência de cada “tipo de música”: sobre a influência da música luso-brasileira e portuguesa<br />

não vêem necessidade de maiores considerações, já que de acordo com sua perspectiva, trata-<br />

se de uma influência notória e abrangente. Quanto à influência negra, entendem que se<br />

restringe à parte rítmica. Também consideram imprópria a denomi<strong>na</strong>ção “influência de<br />

música espanhola”, já que consideram os gêneros compartilhados com as províncias dos<br />

países vizinhos “o resultado da aclimatação de gêneros trazidos da Europa com elementos<br />

regio<strong>na</strong>is”. (OLIVEIRA; VERONA, 2006: 162) Quanto à “música indíge<strong>na</strong>” 77 , a<br />

argumentação parece menos excludente do que com relação à “música dos negros”, mas<br />

ape<strong>na</strong>s aparentemente:<br />

Aplicando a a<strong>na</strong>logia em relação às observações de Carlos Vega 78 no que se<br />

refere à influência indíge<strong>na</strong> no folclore argentino, verificamos que aqui<br />

também esse elemento, por estar di<strong>na</strong>micamente envolvido <strong>na</strong> gênese<br />

musical, teve participação destacada <strong>na</strong> caracterização do estilo, ou seja,<br />

embora não acrescentasse elementos musicais (ritmo, melodia, etc.),<br />

interferiu <strong>na</strong> maneira de exprimir (sotaque) a música. Esse elemento aqui<br />

também refletiu no padrão da poesia rural. (OLIVEIRA; VERONA, 2006:<br />

166)<br />

77 Sobre isso, Menezes Bastos (2006) discute o esquecimento da contribuição indíge<strong>na</strong> à chamada “música<br />

brasileira” por parte dos estudos musicológicos, e por outro lado, o reconhecimento social da influência das<br />

culturas indíge<strong>na</strong>s <strong>na</strong> formação de um Brasil-Nação. O autor utiliza o exemplo da análise feita pelo musicólogo e<br />

compositor Luciano Gallet (1928) no período em que as premissas da construção de uma identidade <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

fervilhavam o caldeirão político-cultural do país. Aliado a intelectuais como Mário de Andrade, Gallet procurou,<br />

de certa forma, explicações até psicologizantes sobre o porquê de a música indíge<strong>na</strong> não enquadrar-se <strong>na</strong> música<br />

brasileira. Para ele, os sistemas musicais indíge<strong>na</strong>s (sempre ditos no plural) apresentariam uma forma bastante<br />

diferente e incompatível com o sistema português (singularizado), e assim, incapaz de mesclar-se, como<br />

aconteceu com o sistema musical africano (também singularizado). (Menezes Bastos, 2006: 120)<br />

78 Para os que desconhecem a bibliografia a respeito da música folclórica argenti<strong>na</strong>, Carlos Vega é um<br />

musicólogo bastante reconhecido por seu trabalho de pesquisa sobre a origem das danças folclóricas de seu país.<br />

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