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Brasil 4D - Estudo de Impacto Socioeconômico - EBC

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<strong>Brasil</strong> <strong>4D</strong> <strong>Estudo</strong> <strong>de</strong> <strong>Impacto</strong> Socioeconômico sobre a TV Digital Pública Interativa<br />

5.3 Expectativas prévias à instalação: a visão dos beneficiários<br />

Durante a pesquisa, foram relatadas algumas expectativas em torno da nova tecnologia, agrupadas aqui sob os temas:<br />

a) Equipamento<br />

Tratar-se-ia, segundo alguns entrevistados esperavam, <strong>de</strong> um novo aparelho <strong>de</strong> televisão que seria instalado nas residências<br />

beneficiadas. “Os meus vizinhos pensaram que eu fosse ganhar uma televisão, porque era TV Digital.” (A. U, 1/3/13. Gramame).<br />

b) Demais canais abertos e aparelhos usuais<br />

Alguns beneficiários pensaram que o canal interativo <strong>de</strong>sabilitaria os <strong>de</strong>mais canais abertos. “Fiquei pensando como ia ser esse<br />

negócio digital, será que é como o DVD? Se for DVD, tem que ficar botando fita e tirando toda hora?” (A. I.: Cristo) ou: “Pensava<br />

que a TV (aberta) ia ficar parada, que eu não ia mais ver minhas novelas”. (D.I. Gramame).<br />

c) Aumento da conta <strong>de</strong> energia elétrica<br />

Uma das entrevistadas pensou em <strong>de</strong>volver a TVDi temendo aumentos na conta <strong>de</strong> energia, questão que foi alvo <strong>de</strong> preocupação<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a reunião realizada nos CRAS, quando os beneficiários perguntaram diretamente aos técnicos do projeto-piloto sobre essa<br />

questão, que po<strong>de</strong>ria modificar o já fragilizado orçamento familiar.<br />

d) Confusão com a TV por assinatura<br />

É possível perceber que a TVDi foi inicialmente confundida com TV por assinatura, pela melhoria <strong>de</strong> imagem prometida aos usuários<br />

na reunião <strong>de</strong> preparação e pela entrega <strong>de</strong> equipamentos. Logo foi tecida uma associação com serviços <strong>de</strong> TV por assinatura, o<br />

que se reforçou num primeiro momento <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> que a qualida<strong>de</strong> na resolução da imagem melhorou consi<strong>de</strong>ravelmente.<br />

Além disso, os beneficiários receberiam um aparelho que seria acoplado à TV com acessórios suplementares, como a antena, o<br />

controle remoto e o receptor. Dessa associação foram criadas expectativas em relação a uma possível diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> canais.<br />

e) As informações fornecidas pelos voluntários<br />

A novida<strong>de</strong> presente na casa dos beneficiados gerou um tipo <strong>de</strong> medo diferenciado nos participantes do Programa Bolsa Família. O<br />

temor, entre os moradores do bairro Mandacaru, coinci<strong>de</strong>ntemente o mais violento, <strong>de</strong> que a interação com a TV Digital através do<br />

controle remoto pu<strong>de</strong>sse gerar algum tipo <strong>de</strong> vigilância e, consequentemente, a suspensão do direito ao Bolsa Família.<br />

Por esse motivo, algumas pessoas <strong>de</strong>sistiram da instalação do aparelho porque tiveram medo <strong>de</strong> que, caso não conseguissem/ou<br />

caso conseguissem um emprego <strong>de</strong>ntro do prazo em que estivessem com o aparelho em casa, po<strong>de</strong>riam per<strong>de</strong>r o benefício. Elas<br />

também <strong>de</strong>sconfiavam da presença física do aparelho, entendido como um mecanismo <strong>de</strong> vigilância, pois acreditavam que através<br />

dos programas e das respostas enviadas “o governo po<strong>de</strong>ria vigiá-las”.<br />

Outras famílias entrevistadas aceitaram participar do projeto-piloto com medo <strong>de</strong> que, caso rejeitassem, po<strong>de</strong>riam ser excluídas do<br />

Programa Bolsa Família. Talvez esse possa ser um dos motivos <strong>de</strong> que alguns dos participantes, mesmo com equipamentos em<br />

casa, quase não utilizassem os recursos interativos oferecidos, que, semanalmente, eram atualizados.<br />

f) O acesso à informação<br />

A mais importante motivação apontada nas entrevistas foi a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso à informação em casa com cursos <strong>de</strong> formação,<br />

emprego, saú<strong>de</strong>, benefícios. Essa possibilida<strong>de</strong> aparece como a maior motivação para todas as entrevistadas. Como informa uma<br />

das entrevistadas: “Eu me interessei por conta dos cursos (...) eu sei on<strong>de</strong> vai ter curso, on<strong>de</strong> procurar emprego... A informação eu<br />

tenho <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> casa. É melhor pra mim”. (D.E. Mandacaru).<br />

g) Fatores técnicos e estéticos da instalação<br />

Nas entrevistas em Mandacaru, o processo <strong>de</strong> instalação foi <strong>de</strong>scrito como rápido e eficiente e o repasse das informações sobre o<br />

uso, feito pela equipe técnica, foi consi<strong>de</strong>rado satisfatório (“eles explicaram direitinho”) e rápido, porque foi feito apenas uma vez. As<br />

instruções, explicadas oralmente pela equipe técnica, foram repassadas por escrito e <strong>de</strong>ixadas com os beneficiários. Os primeiros<br />

acessos foram realizados já sem a presença da equipe, o que <strong>de</strong>monstra um bom nível <strong>de</strong> compreensão por parte dos beneficiados.<br />

Em uma situação i<strong>de</strong>al, o público-alvo <strong>de</strong>veria ter um contato constante à disposição para sanar as dúvidas que fossem surgindo<br />

durante o projeto-piloto.<br />

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