Brasil 4D - Estudo de Impacto Socioeconômico - EBC
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<strong>Brasil</strong> <strong>4D</strong> <strong>Estudo</strong> <strong>de</strong> <strong>Impacto</strong> Socioeconômico sobre a TV Digital Pública Interativa<br />
Televisão Analógica Aberta/Terrestre<br />
O campo da produção <strong>de</strong>fine a narrativa<br />
As audiências recebiam informações sobre a história<br />
por jornais e revistas impressas e/ou on-line<br />
Não é possível mudar o roteiro<br />
Estruturas narrativas fixas<br />
Os roteiros são criados apenas para a televisão<br />
Fonte: Castro (2011)<br />
Televisão Digital Aberta/Terrestre<br />
O campo da recepção interage com a narrativa, sugerindo inclusive<br />
mudanças no <strong>de</strong>correr da história<br />
As audiências po<strong>de</strong>m assistir à história através <strong>de</strong> outras plataformas<br />
tecnológicas, além <strong>de</strong> receber informações extras <strong>de</strong> várias plataformas<br />
analógicas ou digitais ao mesmo tempo<br />
É possível criar outras estruturas narrativas interativas, que po<strong>de</strong>m ser<br />
vistas também através da multiprogramação<br />
Com o uso dos recursos interativos, é possível criar outros personagens<br />
e estruturas narrativas paralelas<br />
Os roteiros são ampliados para narrativas transmídias<br />
4.2.2. A Televisão Digital Interativa como plataforma <strong>de</strong> dois lados<br />
Conforme <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Edvans, D. (2011), uma plataforma <strong>de</strong> múltiplos lados (multi-si<strong>de</strong>d platform) representa uma organização<br />
que permite o surgimento <strong>de</strong> ganhos e benefícios (valores) por meio da interação direta entre as diferentes partes afiliadas à<br />
organização. Esse enfoque permite observar e interpretar várias dimensões do comportamento e as estratégias dos dois grupos<br />
interligados pela plataforma. Sua funcionalida<strong>de</strong> facilita a realização <strong>de</strong> pesquisas, a negociação dos preços envolvidos e a reduções<br />
dos custos <strong>de</strong> transação. Em geral, as partes apresentam estruturas bastante diferenciadas. Por sua vez, no caso <strong>de</strong> transações<br />
econômicas, po<strong>de</strong>m ser examinados importantes aspectos, como os modos <strong>de</strong> precificação, subsídios e estruturas <strong>de</strong> mercado.<br />
Alguns exemplos <strong>de</strong> plataformas <strong>de</strong>sse tipo são clássicos, como as utilizadas em cartões <strong>de</strong> crédito ou <strong>de</strong> débito. Essas plataformas<br />
interligam lojistas, <strong>de</strong> um lado, e consumidores, <strong>de</strong> outro. Mais exemplos po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>stacados, como o das re<strong>de</strong>s telefônicas, que<br />
interconectam quem faz a ligação com quem recebe. O mesmo caso é exemplificado plataformas “físicas” <strong>de</strong> jornais, que interligam<br />
o anunciante e o comprador, além da exibição do conteúdo, que também é usado para conquistar leitores (um lado da plataforma).<br />
No mercado <strong>de</strong> dois lados, uma <strong>de</strong>terminada plataforma tecnológica viabiliza o contato entre provedores e usuários interessados<br />
em efetuar transações. Consi<strong>de</strong>rando a TVDi como plataforma <strong>de</strong> dois lados, temos, <strong>de</strong> um lado, os <strong>de</strong>senvolvedores <strong>de</strong> aplicativos<br />
e conteúdos audiovisuais digitais e as audiências, do outro.<br />
De acordo com Evans (2012), os atributos econômicos mais relevantes das plataformas <strong>de</strong> múltiplos lados (ou multisserviços)<br />
po<strong>de</strong>m ser sintetizados como:<br />
1) O valor da plataforma aumenta muito <strong>de</strong> acordo com o número <strong>de</strong> consumidores;<br />
2) Existe uma “massa crítica” (volume mínimo <strong>de</strong> participantes) para sustentar o funcionamento da plataforma, <strong>de</strong> forma a alcançar<br />
economias <strong>de</strong> escala e escopo e obter efeitos positivos das externalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> re<strong>de</strong>;<br />
3) Normalmente, um lado da plataforma correspon<strong>de</strong> a consumidores subsidiados (subsidy si<strong>de</strong>), enquanto o outro relaciona-se<br />
com consumidores pagantes (money si<strong>de</strong>); e<br />
4) Existe uma tendência à concentração das plataformas existentes (single homing).<br />
No caso do projeto-piloto <strong>de</strong> João Pessoa, este enfoque não somente é possível como é também extremamente útil. Permite, por<br />
exemplo, distinguir claramente as estratégias e a evolução <strong>de</strong> ambos os lados. No caso da parte representada pelas famílias <strong>de</strong><br />
baixíssima renda, po<strong>de</strong>m ser examinados aspectos como o comportamento frente aos conteúdos e os aplicativos, sua frequência<br />
<strong>de</strong> utilização, bem como sua motivação e expectativas. Diante <strong>de</strong>ssas informações, o lado dos <strong>de</strong>senvolvedores e produtores<br />
<strong>de</strong> conteúdos po<strong>de</strong> traçar uma estratégia <strong>de</strong> evolução dos aplicativos e produtos a serem disponibilizados para o outro lado (as<br />
audiências). Ou seja, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>finir formas mais avançadas <strong>de</strong> inclusão social e digital que sejam <strong>de</strong> fácil compreensão (usabilida<strong>de</strong>)<br />
para os diferentes públicos.<br />
De forma conceitual, o <strong>de</strong>nominado lado dos <strong>de</strong>senvolvedores/ produtores <strong>de</strong> conteúdos po<strong>de</strong> ser visto <strong>de</strong> uma maneira mais ampla.<br />
Esse lado conforma um Sistema Setorial <strong>de</strong> Inovação (SSI), que abrange não só os <strong>de</strong>senvolvedores <strong>de</strong> aplicativos e produtores<br />
<strong>de</strong> conteúdos mas também inclui uma ampla re<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituições formada por universida<strong>de</strong>s e centros <strong>de</strong> pesquisa, setor público<br />
e empresas privadas. A permanente interação entre esses agentes produz, importa, adapta e difun<strong>de</strong> novas tecnologias. Embora<br />
ainda relativamente pequeno, o SSI da TVDi encontra-se em expansão. Na América Latina, existiam 15 mil <strong>de</strong>senvolvedores e<br />
produtores <strong>de</strong> conteúdos interativos. Nesse sentido, o projeto-piloto fomenta o uso da TVDi nas comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> baixa renda e<br />
igualmente po<strong>de</strong>rá ampliar fortemente o SSI da TVDi, já que a experiência-piloto extrapola o campo público <strong>de</strong> televisão.<br />
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