Brasil 4D - Estudo de Impacto Socioeconômico - EBC
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A exemplo do que já acontecia nas TVs digitais por assinatura, a interativida<strong>de</strong> dos três sistemas apontados anteriormente se limita<br />
a transações mecânicas, em um sistema <strong>de</strong> re<strong>de</strong> hierarquizado, centralizado e fechado. Na prática, a experiência internacional<br />
nos mostra processos, que o que mais oferecem é mais televisão na qual a oferta <strong>de</strong> canais é mencionada, porém, sem que eles<br />
pressuponham necessariamente um aumento da pluralida<strong>de</strong> dos sistemas <strong>de</strong> meios dos diferentes países. Além disso, a maior<br />
parte dos padrões não oferece a multiprogramação na TV aberta como uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliar a diversida<strong>de</strong> da programação.<br />
A prestação <strong>de</strong> serviços interativos não teve a projeção esperada em diferentes países porque os operadores <strong>de</strong> televisão não se<br />
interessaram em aumentar <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> produção enquanto tinham o mesmo o bolo publicitário para dividir nem encontraram um<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócios rentável no TVDi. Além disso, consi<strong>de</strong>raram a interativida<strong>de</strong> uma ameaça para suas tradicionais ativida<strong>de</strong>s<br />
publicitárias na televisão.<br />
Tal como <strong>de</strong>staca Rodríguez Miranda (2011), “ser alheio às condições materiais existentes po<strong>de</strong>ria fazer fracassar as missões<br />
<strong>de</strong>mocráticas do projeto, por isso, analisar as <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s e fortalezas do cenário atual permitirá planejar o <strong>de</strong>senvolvimento bemsucedido<br />
da interativida<strong>de</strong> na televisão para evitar cair nos <strong>de</strong>terminismos tecnológicos e discursos vazios”. É por isso que, diante<br />
das experiências anteriores, hoje, a partir do <strong>Brasil</strong>, como em outros países que se encontram em uma fase similar <strong>de</strong> migração<br />
para a TV Digital Terrestre, existe a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conseguir que a TV Digital termine se transformando para milhares <strong>de</strong> famílias<br />
com poucos recursos econômicos em uma porta <strong>de</strong> acesso à socieda<strong>de</strong> da informação e do conhecimento, ajudando a fechar a<br />
divisão digital da qual atualmente pa<strong>de</strong>cem.<br />
Para que isso ocorra, torna-se necessária a intervenção do Estado, mediante diferentes instrumentos. Por exemplo, por intermédio<br />
<strong>de</strong> empresas públicas, como é o caso da <strong>EBC</strong>, no projeto e na aplicação <strong>de</strong> uma política pública <strong>de</strong> comunicação que concilie<br />
critérios <strong>de</strong> eficiência econômica com critérios <strong>de</strong> eficiência social em um ambiente <strong>de</strong> cooperação regional para avançar no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da TVD em geral e nos serviços interativos em especial. As possibilida<strong>de</strong>s que se abrem com o projeto <strong>de</strong> uma<br />
re<strong>de</strong> pública, neutra, que possa servir ao conjunto dos operadores públicos para a TVD e que, por sua vez, se constitua em uma<br />
plataforma <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços interativos como ferramenta para o impulso da Socieda<strong>de</strong> da Informação e do conhecimento<br />
entre os cidadãos brasileiros.<br />
Efetivamente, tal como <strong>de</strong>stacam Albornoz e García Leiva (2012),<br />
“As experiências daqueles países que já realizaram com sucesso o apagão analógico ou que se encontram em fase<br />
<strong>de</strong> transição, <strong>de</strong>monstram que, além <strong>de</strong> padrões tecnológicos, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> seus respectivos mo<strong>de</strong>los televisivos<br />
hertzianos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das relações políticas, econômicas, sociais e culturais que se dão em cada socieda<strong>de</strong>. Enquanto<br />
em alguns casos a chegada da TVD serviu para integrar novos agentes na produção e distribuição ou lançar inovadores<br />
conteúdos e serviços, em outros foi o momento propício para reforçar o po<strong>de</strong>r dos operadores tradicionais frente à<br />
concorrência <strong>de</strong> outros suportes como o satélite ou o cabo”.<br />
O processo <strong>de</strong> implantação da TVD foi empregado em inúmeros países como:<br />
- oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir o acesso universal a uma oferta multicanal, que tradicionalmente só se encontrava nos serviços <strong>de</strong><br />
pagamento e, assim, <strong>de</strong>mocratizar o seu acesso;<br />
- a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revitalizar e adaptar as missões do serviço público <strong>de</strong> televisão;<br />
- a ocasião <strong>de</strong> dar entrada a novos autores no sistema televisivo, o que automaticamente se converteria em um maior pluralismo<br />
mediático;<br />
- a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversificar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio e consolidar a economia do setor; e<br />
- a oportunida<strong>de</strong> para gerar uma potente indústria <strong>de</strong> produção audiovisual in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
A TVD, <strong>de</strong> forma bastante especial naqueles países com um extenso consumo <strong>de</strong> televisão hertziana e baixos níveis <strong>de</strong> entrada<br />
da Internet, ou, como é o caso do <strong>Brasil</strong>, com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso para amplos setores da socieda<strong>de</strong> com baixos recursos<br />
econômicos, aparece como uma porta <strong>de</strong> acesso à socieda<strong>de</strong> da informação, com baixos custos e um alto grau <strong>de</strong> entrada. No<br />
entanto, em diferentes cenários regionais e nacionais, como na Europa, a implantação da TVD está sendo acompanhada por uma<br />
série <strong>de</strong> promessas que em muitos casos não passam <strong>de</strong> expressões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejos que ainda não se concretizaram.<br />
Ao revisar a política audiovisual da União Europeia, Bustamante (2008) resume alguns dos argumentos que embalaram o advento<br />
da TVD no Velho Mundo:<br />
- o acesso universal a uma oferta multicanal, até então fundamentalmente confinada à TV paga via satélite ou a cabo;<br />
- a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> revitalizar e adaptar as missões do serviço público <strong>de</strong> televisão;<br />
- a ocasião <strong>de</strong> dar entrada a novos autores no sistema televisivo, o que automaticamente se converteria em um maior pluralismo<br />
mediático;<br />
- a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversificar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> negócio e consolidar a economia do setor;<br />
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