13 - Câmara dos Deputados
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9310 Quarta-feira <strong>13</strong> DIÁRIO DA ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSmUINTE Abril de 1988 '<br />
tituinte, que veda, de maneira peremptória e radical,<br />
qualquer tipo de censura. Manifesto solidariedade<br />
àqueles que setêm pronunciado contra essa<br />
censura arbitrária truculenta e repressiva, contra<br />
uma manifestação, repito, Sr. Presidente, do<br />
maior valor artístico e do maior significado político,<br />
que não cabe aos diretores, aos donos dessa<br />
televisão exercer esse tipo de atividade repressiva,<br />
esse tipo de censura.<br />
À época do regime militar, o serviço de censura<br />
era exercido pelo aparelho do Estado, através <strong>dos</strong><br />
agentes da Polícia Federal. Agora:Sr. Presidente,<br />
a censura assume uma característica mais sofisticada,<br />
até mais eficiente, porque é feita diretamente<br />
pelo patronato, pela iniciativa privada, que fala<br />
tanto na liberdade e na iniciativa, mas é exatamente<br />
a liberdade para defender os seus privilégios,<br />
os seus interesses e não a liberdade plena<br />
de mamfestação de pensamento, de manifestação<br />
artística e cultural. (Muito bem!)<br />
o SR. VICTOR FACCIONI (PDS - RS) <br />
Sr. Presidente, Sr" e Srs Constituintes, venho a<br />
esta tribuna, em primeiro lugar, para uma grave<br />
denúncia. Amanhã o Ministério da Aeronáutica,<br />
o DAC, o Governo Federal da Nova República<br />
estarão intervmdo na Transbrasil, designando um<br />
Brigadeiro para Presidente da Companhia e cinco<br />
ou seis Coronéis de Intendência para as respectivas<br />
Diretorias.<br />
É mais uma empresa vítima do fatídico Plano<br />
Cruzado do Ministro Dílson Funaro, de seu Partido<br />
e de seu Governo. A Transbrasil está penando<br />
as consequências do Plano Cruzado. A Varig teve<br />
um prejuízo da ordem ou superior a 15 bilhões<br />
de cruza<strong>dos</strong>, e conseguiu resistir, graças à grande<br />
estrutura que tem, à grande capitalização, inclusive<br />
aos vôos internacionais etc. Uma empresa<br />
já mais consolidada.<br />
A Transbrasil, uma empresa menor, enfrentando<br />
dificuldades de toda ordem, comandada por<br />
um empresário de escol, Osmar Fontana, experimentado,<br />
dedicado e de visão, que deu alta qualidade<br />
aos serviços de seusvôos, está sucumbindo,<br />
vítima do Plano Cruzado e do processo de estatização<br />
continuada que se desenvolve neste País.<br />
Este é o Governo e é o País que realizam o<br />
contrário do que anunciam. Enquanto anuncia<br />
"tudo pelo social", o Governo asfixia como nunca<br />
o trabalhador, o assalariado. Enquanto anuncia<br />
a privatização, estatiza cadavez mais. Prejuízo para<br />
os acionistas, para a livre iniciativa, espero não<br />
redunde também em prejuizo para seus clientes<br />
e passageíros<br />
E lamentável, Sr. Presidente, que fatos desta<br />
ordem estejam acontecendo. Creio que é hora<br />
de esta Assembléia Nacional Constituinte pôr um<br />
basta nisso tudo. E o Congresso Nacional, a Câmara<br />
e o Senado da República se disporem à<br />
instalação, inclusive, de uma Comissão Parlamentar<br />
de Inquénto para analisar as causas e conseqüências<br />
do Plano Cruzado e as responsabilidades<br />
respectivas.<br />
Oxalá, Sr. Presidente, não venha a Transbrasil,<br />
agora nas mãos do Governo, a repetir o que se<br />
tem passado, o que se está passando com a VASP<br />
e outras tantas estatais.<br />
Outro assunto que me traz a essa tribuna, Sr.<br />
Presidente, é repetir a crítica que formulei ontem<br />
em defesa <strong>dos</strong> aposenta<strong>dos</strong>. Não é possível o<br />
que este Governo tem feito e está fazendo com<br />
os aposenta<strong>dos</strong> do INPS, que já estão recebendo<br />
menos da metade do que lhes é devido. O Governo<br />
não está cumprindo, sequer, com as decisões<br />
judiciais da própria Justiça Federal, que tem dado<br />
ganho de causa às ações que tem demandado<br />
na Justiça grande parte <strong>dos</strong> aposenta<strong>dos</strong> do INPS,<br />
e ainda se dispõe a pôr em prática o congelamento<br />
da URP deabril nos proventos <strong>dos</strong> aposenta<strong>dos</strong>.<br />
A imprensa de hoje, o DF Repórter, noticia<br />
que:<br />
"O decreto que suspende a Unidade de<br />
Referência de Preços, URP, por dois meses,<br />
para o funcionalismo público, poderá não<br />
ser aplicado para pensões, aposentadorias<br />
e outros benefícios, se a Consultoria Jurídica<br />
do Ministério da Previdência Social entender<br />
desta forma."<br />
Ora, Sr. Presidente, a Consultoria Jurídica facilmente<br />
dará parecer contra ou a favor, dependendo<br />
da orientação do Ministro Renato Archer,<br />
da Previdência Social. É o apelo que formulo a<br />
S. Ex"<br />
Aliás, continua o noticiário dizendo:<br />
"O exame técnico está sendo feito por recomendação<br />
do Ministro da Previdência, Renato<br />
Archer, que resolveu abrir a discussão<br />
baseado na lei que determina que o valor<br />
e correção <strong>dos</strong> benefícios da Previdência sejam<br />
fixa<strong>dos</strong> pelo Legislativo."<br />
Sr. Presidente, o primeiro projeto de decisão<br />
que apresentei nesta Casa, ainda em fevereiro<br />
do ano passado, determinava exatamente a suspensão<br />
do decreto-lei. É hora de a Constituinte<br />
tomar as devidas providências, mas para tanto<br />
é preciso que a Mesa o permita, porque a Mesa<br />
é senhora, soberana e única, que estabelece o<br />
calendário e o ritmo de trabalho desta Casa.<br />
Eram estes os registros que lamentavelmente<br />
tinha a fazer. Gostaria de poder estar fazendo o<br />
registro de outra ordem e não destacando o aspecto<br />
negativo de providências que estão sendo<br />
adotadas ou de omissões e irresponsabilidades<br />
do Governo da República, como as que acabo<br />
de denunciar. (palmas.)<br />
A Sr" Benedita da SOva -<br />
peço a palavra pela ordem.<br />
Sr. Presidente,<br />
O SR. PRESIDENTE (Mauro Benevides) <br />
Tem a palavra a nobre Constituinte Benedita da<br />
Silva, nos cinco minutos que antecedem o término<br />
deste espaço de tempo, após o que se procederá<br />
à verificação de quorum, para votação da<br />
Ordem do Dia.<br />
A SRA. BENEDITA DA SILVA (PT - RJ.<br />
Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs.<br />
Constituintes, tenho feito várias denúncias nesta<br />
Casa, e uma delas, que considero muito importante,<br />
é a questão do conflito de terras, que envolve<br />
desde os camponeses até as comunidades<br />
indígenas.<br />
Consultei os Anais desta Casa que registraram<br />
uma denúncia que fiz a respeito da expulsão das<br />
terras de uma família, a família Teodoro Símplícío,<br />
que desde 1932 vem lutando para que devolvam<br />
as suas terras:<br />
"Antônio Martins de Sousa monta um cartório<br />
com a ajudafinanceira de "Nicão", pega<br />
toda essa documentação da família e desaparece<br />
com ela."<br />
E a luta dessa família tem sido grande. Tive<br />
a honra de recebê-los aqui, alguns até com a<br />
idade avançada, entre 80 e 90 anos; estiveram<br />
aqui neste Congresso procurando socorro, para<br />
que tomássemos providências, porque eles são<br />
os verdadeiros donos daquelas terras.<br />
Isso corre porque sabemos que nem uma só<br />
vez essa família encontrou respaldo na lei, porque<br />
to<strong>dos</strong> eles foram coniventes com a situação que<br />
ali acontecia com essa família.<br />
Trago este fato de novo ao conhecimento desta<br />
Casa, para que haja um lembrete, porque entendo<br />
que provavelmente essa família será exterminada,<br />
na medida em que a lei não os ampara e eles<br />
não estão dispostos a abandonar totalmente suas<br />
terras. E trago com uma preocupação, Sr. Presídente<br />
e Srs. Constituintes, porque ontem, nesta<br />
Casa, também recebemos o Cacique Raoni, que,<br />
inesperadamente, aqui chegou, num desespero<br />
total, dizendo que a sua tribo, a sua comunidade,<br />
já não tem condição de suportar na direção da<br />
Funai o Sr. Jucá, que tem sido conivente com<br />
toda a política de genocídio e violência que essa<br />
tribo vem sofrendo.<br />
Mais uma vez faço um lembrete a esta Casa:<br />
temos que tomar medidas concretas, a fim de<br />
que possamos dar um respaldo total para que<br />
essa comunidade não tenha que tomar medidas<br />
em decorrência das quais serão prejudicadas, na<br />
medida em que será invadida com armas, com<br />
a Polícia e os grileiros que lá estão.<br />
Fica mais uma vez o meu registro e protesto,<br />
para que esta Casa possa tomar providência em<br />
relação à comunidade indigena e quanto à sua<br />
reivindicação do Cacique Raoni.<br />
Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. (Muito<br />
bem! Palmas.)<br />
O SR. CHAGAS DUARTE (PFL - RR. Pronuncia<br />
o seguinte díscurso.) - Sr. Presidente,<br />
Sf'" e Srs. Constituintes, venho a esta tribuna para<br />
comunicar a esta Casa cenas vexatórias que presenciei<br />
no último domingo, quando retomava de<br />
Boa Vista para Manaus, a caminho de Brasília.<br />
No aeroporto da minha cidade, a pretexto de<br />
evitar o descaminho e o contrabando de ouro,<br />
funcionários da Delegacia da Receita Federal em<br />
Roraima submetiam os passageiros a uma revista<br />
pormenorizada das suas bagagens de mão.<br />
Ora, Sr. Presidente, como é que se poderevistar<br />
cidadãos, assim de modo generalizado, sem o<br />
menor indício de que sejam contrabandistas? Decididamente,<br />
isso é um escândalo, é um arbítrio,<br />
um abuso de autoridade! É possível que haja um<br />
desejo muito grande de cumprir o dever conduzindo<br />
a esse tipo de arbitrariedade. Mas, de qualquer<br />
forma, não se pode concordar com i~so.<br />
Perguntaria às nossas autoridades aduaneiras<br />
por que não se faz uma fiscalização mais eficiente<br />
nas regiões de garimpo, pois to<strong>dos</strong> sabem que<br />
o ouro sai em gra.ndes quantidades através de<br />
aeroportos clandestinos e outros expedientes já<br />
bastante conheci<strong>dos</strong>?<br />
Sr. Presidente, ao dirigir-me para o embarque<br />
eu próprio fui abordado, até com certa deselegância,<br />
por um funcionário que pretendia revistar-me.<br />
A revista só não se consumou, em primeiro<br />
lugar porque não aceitei aquele tratamento absurdo,<br />
mas também porque uma servidora mais