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13 - Câmara dos Deputados

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Abril de 1988 DIÁRIO DAASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE Quarta-feira <strong>13</strong> 9349<br />

Ora, Sr. Presidente, Srs. Constituintes, dizemos<br />

que o monopólio é permanente, no subsolo brasileiro,de<br />

parte das multinacionais,exatamente porque<br />

a Constituição de 1967 explicitano Capítulo<br />

Da Ordem Econômica:<br />

"as concessões de pesquisas em lavradevem<br />

ser dadas a brasileiros ou sociedades<br />

organizadas no Pais."<br />

Por diversas vezes aqui já levantamos este assunto.<br />

O art. 206 do Projeto da Comissão de Sistematização<br />

reza, no texto sobre o qual passo agora<br />

a fazer uma reflexão:<br />

"Asconcessões de pesquisas em lavradevem<br />

ser dadas a brasileiros ou a empresas<br />

nacionais."<br />

É sabido que o Brasil é um pais muito rico.<br />

No entanto, até hoje ninguém sabe explicar para<br />

onde vão as nossas riquezas com o firme monopólio<br />

das multinacionais,que sótêm deíxada neste<br />

Pais, além do monopólio, contrabando, poluição,<br />

destruição do meio ambiente, perseguição<br />

também aos brasileiros,no caso aos garimpeiros.<br />

E muito pouca empresa tem investido na área<br />

social.<br />

Muitos Constituintes que defendem a permanência<br />

das multinacionais no subsolo brasileiro<br />

dizem que não podemos abdicar do capital estrangeiro.<br />

Este ponto de vista, Sr. Presidente, não<br />

se justifica, até porque temos a matéria-prima e<br />

temos o mercado livrepara comercializá-Ia.<br />

Por isso vamos lutar neste plenário. Apresentamos<br />

destaques neste sentido, para que permaneça<br />

o texto da Comissão de Sistematização que<br />

nacionalizao subsolo e que os Esta<strong>dos</strong> e os Municípios<br />

terão, agora, direito aos royalties. A lei<br />

complementar poderá definir a participação na<br />

questão da fiscalização, para que, pelo menos<br />

em parte, possamos evitar o contrabando.<br />

Era o que tínhamos a dizer,Sr. Presidente.<br />

O SR. DORETO CAMPANARI (PMDB ­<br />

SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente,<br />

SI'"" e Srs. Deputa<strong>dos</strong>:<br />

O Produto Intemo Bruto é o mais importante<br />

de to<strong>dos</strong> os indicadores econômicos, por isso<br />

tudo se procura medir em relação a ele - vencimentos,<br />

tributos, investimentos, demografia e os<br />

mais diversos aspectos geopolíticos da nação ­<br />

para uma aferição suficientemente segura do<br />

crescimento nacional.<br />

Quem mais contribui para o aumento do Produto<br />

Interno Bruto, deve ser, necessariamente,<br />

a atividade mais cortejada, porque do seu incremento<br />

resultará um desenvolvimento maior da<br />

economia.<br />

Ora, em 1987, enquanto o setor agropecuário<br />

cresceu quatorze por cento, a indústria ficou em<br />

cerca de dois por cento, e o PIBgeral não ultrapassou<br />

os modestos dois vírgula nove por cento.<br />

Nesse contexto, a produção especificamente vegetal<br />

chegou aos quinze por cento.<br />

A conclusão, para uma estadista,' é óbvia: é<br />

preciso apoiar e incrementar a produção agropecuária,<br />

pois o crescimento do setor - preenchendo<br />

largos vazios demográficos e ampliando as<br />

fronteiras rurais - somente contribuirá para o<br />

desenvolvimento nacional.<br />

O aumento da venda de insumos, mecaniza<strong>dos</strong>,<br />

é uma boa medida, para a previsão de melhores<br />

safras futuras.<br />

Acontece que este ano, houve uma queda, na<br />

venda de tratores, de sete a dez por cento, em<br />

relação ao ano passado, quando a queda já havia<br />

sido da ordem de doze a quatorze por cento.<br />

No ano passado, no entanto, a Valmetvendeu<br />

nove mil e quinhentos tratores, objetivando, este<br />

ano, alcançar as dez mil unidades, lembrando-se<br />

que, no primeiro semestre do ano passado, a fábrica<br />

sofreu a falta de componentes como decorrência<br />

do Plano Cruzado, influindona diminuição<br />

das vendas.<br />

Esses da<strong>dos</strong>, no entanto, não são suficientes<br />

para a qualificaçãoda safra agrícola esperada este<br />

ano, embora deva ser superior à do ano passado.<br />

Da produção e do preço desses insumos ­<br />

usa<strong>dos</strong> no plantio, na adubação e na colheita ­<br />

vai depender o desempenho da agricultura e o<br />

custo <strong>dos</strong> seus produtos para o consumidor.<br />

Já se sabe da existência de excedentes de carnes,<br />

porque os preços afastam o consumidor intemo,<br />

com a exportação, mas é preciso que o<br />

"esmonão ocorra com os cereais, principalmente<br />

o milho, o trigo, o arroz e o feijão, ou será<br />

um ano negro aquele em que comemoramos<br />

a implantação, no País,de uma nova Constituição<br />

Era o que tínhamos a dizer,Sr. Presidente.<br />

O SR. OSVALDO BENDER (PDS - RS.<br />

Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, SI'""<br />

e Srs. Constituintes, acabo de receber um telex<br />

de uma das maiores empresas que trabalha com<br />

produtos agropecuários. Trata-se da empresa Sadia,<br />

que tem a sua matriz em Concórdia, Estado<br />

de Santa Catarina, e filial também na cidade de<br />

Três Passos. O telex é no seguinte teor:<br />

Tendo em vista últimas manifestações de<br />

agricultores, lidera<strong>dos</strong> pela Fetag ou pela<br />

cm, e ressalva<strong>dos</strong> os envolvimentos ideológicos,<br />

manifestamos nossa preocupação pe·<br />

los seguintes aspectos:<br />

1) Existe um lento e gradual empobrecimento<br />

na agricultura, baixando a produtividade<br />

e exaurindo as terras. Na pequena<br />

propriedade é alto o índice do êxodo rural.<br />

2) A estiagem deste ano, quebrando a safra<br />

em até 50% (região celeiro) inviabiliza<br />

o pagamento <strong>dos</strong> empréstimos bancários,<br />

e deixa o agricultor sem meios de subsistência<br />

até a próxima safra.<br />

3) O clima de insatisfação geral com a<br />

conjuntura econômica e campo fertil para<br />

crescimento de movimentos violentos e de<br />

pressão, lidera<strong>dos</strong> por políticos e/ou identidades<br />

ideológicas que vêem na indústria e<br />

no comércio os culpa<strong>dos</strong> da situação.<br />

Diante do exposto, e cientes que a situação<br />

poderá tomar-se incontrolável, é importante<br />

notificaras autoridades de que algumas providências<br />

devam ser tomadas:<br />

1) Prorrogação <strong>dos</strong> financiamentos bancários<br />

com possível abrandamento na correção<br />

monetária ou transformação <strong>dos</strong> débitos<br />

em troca de produtos físicos.<br />

2) Concessão de um empréstimo de subsistência<br />

para os agricultores atingi<strong>dos</strong> pela<br />

estiagem.<br />

3) Suspensão da execução judicialde terras<br />

por parte <strong>dos</strong> bancos.<br />

4) Destinar, a exemplo do nordeste, verbas<br />

para um programa efetivo de irrigação<br />

para o RS.<br />

Entendemos ser absolutamente indispensável<br />

um posicionamento fortejunto às autoridades<br />

competentes, sob o risco <strong>dos</strong> problemas<br />

aumentarem para níveisalarmantes.<br />

Atentamente - José Mayr Bonassi, Diretor.<br />

Sr. Presidente, ouvimos aqui, desta tribuna, to<strong>dos</strong><br />

os dias, manifestações por parte de vários<br />

parlamentares que representam o RioGrande do<br />

Sul, especialmente a minha região.<br />

Realmente, urgem providências, ç as autoridades<br />

não podem silenciar-se diante de fato tão<br />

dramático. Elas precisam manifestar-se, pronunciar-se,<br />

pelo menos para tranqüilizaraqueles pequenos<br />

produtores - que são milhares-, para<br />

evitar,desta forma, maiores conseqüências.<br />

É neste sentido que apelo, com veemência,<br />

mais uma vez, desta tribuna, para que, efetivamente,<br />

as autoridades tomem providências.<br />

OSR. GONZAGAPATRIOTA (PMDB-PE.<br />

Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs.<br />

Constituintes, não sei se é necessário continuar<br />

tentando levar ao Governo os problemas da agricultura<br />

deste Pais, ou se é necessário dar-se um<br />

basta em protesto ao que aqui os representantes<br />

do povo brasileiro trazem a esse Governo insensível.<br />

Depois de se falar <strong>dos</strong> juros instituí<strong>dos</strong> para<br />

a agricultura, da retirada do subsídio para a mesma,<br />

principalmente na Região do Nordeste, lamentamos<br />

que agora um setor importante, na<br />

situação econômica dessa região, que é o da cana-de-açúcar,<br />

também se revolte.<br />

Ontem, o Ceará, o RioGrande do Norte,a Paraíba,<br />

Pernambuco e Alagoas, em sinal de protesto<br />

à falta de assistência ao setor canavieiro e à agricultura,<br />

marcaram uma reunião, interditando a<br />

BR-10l, que transporta o progresso do Sul para<br />

o Nordeste e do Nordeste para o Sul. Este protesto<br />

é exatamente o que queremos registrar aqui, Sr.<br />

Presidente, nesta hora; para que o Senhor Presidente<br />

da República dê condições ao Sr. Ministro<br />

da Agricultura, que sentimos, além de ter feito<br />

um bom governo no Estado de Goiás, tem tentado,<br />

por to<strong>dos</strong> os meios, ajudar a agricultura do<br />

Pais e não consegue, diante dessa politicaeconômica<br />

e social desastrosa do Presidente Sarney.<br />

Esse protesto, verificado ontem na divisa de<br />

Pernambuco com Alagoas, terminou, inclusive,<br />

em pancadarias da policia, do exército, e outras<br />

forças do governo contra os trabalhadores e os<br />

próprios Deputa<strong>dos</strong> Estaduais que participavam<br />

das passeatas interditando a BR-1 01.<br />

Faço um apelo ao Presidente da República, a<br />

fim de que dê condições ao Ministério da Agricultura,<br />

para que voltea conceder o subsídio a alguns<br />

produtos da agricultura, e, principalmente, retire<br />

os juros e correção monetária plena, absurda, para<br />

os produtos agrícolas.<br />

Sr. Presidente, não se pode combatera inflação<br />

com máquina de calcular.<br />

O SR. JOSÉ FERNANDES (PDT - AM.<br />

Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr'"<br />

e Srs. Constituintes, uso este microfone para lamentar<br />

a infelicidade do Ministro da Fazenda,<br />

Mansonda Nóbrega. Questionado, segundoinformou<br />

a imprensa, sobre a explosão <strong>dos</strong> preços<br />

das mensalidades escolares, não tendo uma informação<br />

à altura da que deve receber o povo brasi-

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